terça-feira, 27 de março de 2007

D. Maria II

D. Maria II

"Era domingo de Ramos naquele dia 4 de Abril de 1819. Foi com emoção e alegria que o rei D. Pedro IV de Portugal e sua mulher, a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, tiveram a sua primeira filha, nascida em terras brasileiras, no palácio da Boavista".
Assim começa a história desta Menina/Rainha que a única coisa que queria era ser feliz.
Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Luísa Gonzaga de Bragança e Áustria - A Educadora ou a Boa Mãe –
Ficou sem mãe aos 7 anos. O pai será o seu grande amigo e protector. Nem mesmo os graves problemas políticos que D. Pedro IV enfrenta no Brasil e em Portugal lhe fazem esquecer a sua filha mais velha a quem vai escrever cartas sempre ternas, que terminavam “adeus minha adorada filha...teu saudoso pai que muito te ama D. Pedro”.
Outorga a Carta Constitucional e, simultaneamente, é combinado o casamento da jovem princesa com seu tio D. Miguel.
Em 1826, D. pedro IV, abdica do trono de Portugal, em nome da filha, Maria, apenas com sete anos.
"Esta menina começa a pouco e pouco a perceber que vai deixar de ser criança e que o seu destino lhe vai impor uma conduta diferente da das outra meninas da sua idade. Aos 9 anos, é mandada para a Europa, acompanhada pelo marquês de Barbacena, seu tutor, homem de confiança de seu tio D. Pedro, também ele nascido no Brasil, general e diplomata. O destino é a corte de Viena, para ser educada pela avó materna, mulher de Francisco I. Mas, durante o tempo da viagem, D. Miguel, em Portugal, proclama-se rei e o marquês de Barbacena considera mais seguro rumar a Falmouthe e, depois, até Londres".
Por questões de segurança a princesa Maria da Glória várias vezes até o dia em que o rei a mandou chamar para comandar os destinos do país! Tinha 15 anos.
Casou em 1826 ( tinha D Maria da Gloria 7 anos) com o seu tio D. Miguel. O casamento foi dissolvido e anulado em 1835. Nesse mesmo ano casou com príncipe D.Augusto de Beauharnais, e nesse mesmo ano ficou viúva. Voltou a casar em 1836 com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha. Tinha na altura D. Maria II somente 17 anos.
A crise era enorme e teve de vender todos os bens de raiz nacional pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das corporações religiosas já extintas e das capelas!
No seu curtíssimo reinado teve de defrontar várias lutas, a Guerra Civil, a revolução de Setembro, a Belenzada, Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte, a Patuleia Teve 10 títulos, o mais importante o de Rainha de Portugal e dos Algarves!
"Foi, realmente, uma mulher de grande força de vontade e de uma coragem assinalável. Se alguns contemporâneos a consideravam de difícil trato e autoritária e até tenha tido fama de “tirana”, a verdade é que se não tivesse sido uma rainha com pulso não teria acabado o seu reinado já sem guerras civis e proporcionado aos seus dois filhos que foram reis - D. Pedro V (infelizmente prematuramente morto pela “Colera Morbus”) e D. Luís, reinados, com uma certa estabilidade. É sabido que D. Luís foi um exemplo de monarca constitucional. As crises políticas constantes no reinado de Maria da Glória não perturbam o seu ambiente familiar, mais do que uma vez toldado pelo profundo desgosto da morte dos filhos ainda pequenos. Dos 11 que teve, quatro morreram à nascença e D. Maria não verá o ano de 1861 em que os seus filhos, D. Pedro já rei, João e Fernando irão morrer da epidemia de cólera".
"A rainha tinha paixão pelo teatro, gosto esse que lhe ficara dos tempos vividos na Corte da França. Confessa que nos períodos de escassez de meios, quando reinou, lhe custava privar-se desse gosto. Vai empenhar-se, apoiada por Garrett, para que se construa um Teatro que será edificado no Rossio sobre as ruínas do palácio da Inquisição - O teatro D. Maria II, segundo projecto de Fortunato Lodi. As obras vão decorrer entre 1842 e 1846. O tecto tinha pinturas de Columbano Bordalo Pinheiro que foram destruídas no incêndio de 1964. A inauguração foi a 13 de Abril. O Banco Mercantil Portuense é inaugurado em 1850. Em 1851, sobe pela primeira vez à cena, nesse teatro, onde se introduziu a iluminação a gás, o drama de Garrett Frei Luís de Sousa. No campo das Letras, o período do reinado de D. Maria da Glória foi de uma fecundidade notável. Destacam-se Alexandre Herculano, que, além de escritor e historiador, foi um grande defensor do património nacional, tendo escrito mesmo, em 1838, Monumentos Pátrios, Garrett, Andrade Corvo, Bulhão Pato, João de Lemos, o matemático Daniet Augusto da Silva, o historiador visconde de Santarém, o legislador Mouzinho da Silveira. Na pintura, Domingos Sequeira pinta o seu belissímo quadro A morte de Camões, infelizmente perdido".
Teve 11 filhos "- Se tiver que morrer, morro no meu posto". Foi o que sucedeu, morreu vítima de parto (príncipe Eugénio) em 1853, com apenas 34 anos.
"D. Pedro V, o futuro rei, resumiria numa frase enternecedora aquilo que esta nossa rainha foi como mãe:
“Minha Mãe, que aprendeu na escola da desgraça, que tinha os instintos muito superiores à sua espécie, conseguiu de nós o que há séculos não via a Casa de Bragança, que os irmãos vivessem unidos” ".
É bom que tenhamos, por muito simples que seja, noção do que foi a vida destas grandes Mulheres Portuguesas, com os seus erros e as suas glórias.
Eis aqui uma das grandes Mulheres de Portugal, D. Maria II! A seu tempo irei aqui colocando muitas mais, tenha eu engenho e arte

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