Calor de Agosto II
Enquanto metade da população daquela Aldeia perdida no Baixo Alentejo, aproveitava o fresco das casas, as ceifeiras permaneciam no campo de sol a sol, ao calor tórrido dos meses de Verão e ao frio intenso que ataca o Alentejo nos meses de Inverno!
Cobriam-se dos pés à cabeça na tentativa de se protegerem daquele calor infernal. Os lenços na cabeça deixavam ver uns olhos negros da cor da melancolia . Rostos curtidos pelo sol. Mãos calejadas do amanho da terra.
Muitas levavam os filhos pequeninos, porque os tinham de amamentar. Parcos salários para tão grandes trabalhos. A esperança de Abril alimentava-lhes a alma. Sonhos de um amanhã sempre adiado e renovado a cada amanhecer.
E cantavam modas! Em tom dolente. Um cantar triste, que lhes aquecia os corações e fazia enganar a fome e esquecer a miséria.
As suas bonitas vozes elevavam-se em melodias que enchiam de cor os campos do Alentejo.
Cobriam-se dos pés à cabeça na tentativa de se protegerem daquele calor infernal. Os lenços na cabeça deixavam ver uns olhos negros da cor da melancolia
Muitas levavam os filhos pequeninos, porque os tinham de amamentar. Parcos salários para tão grandes trabalhos. A esperança de Abril alimentava-lhes a alma. Sonhos de um amanhã sempre adiado e renovado a cada amanhecer.
E cantavam modas! Em tom dolente. Um cantar triste, que lhes aquecia os corações e fazia enganar a fome e esquecer a miséria.
As suas bonitas vozes elevavam-se em melodias que enchiam de cor os campos do Alentejo.
Alentejo, debruado a Arraiolos
Na dourada planície alentejana
Onde o sol penetra e em tudo teima
A falta de água mísera e insana
Quebra a vontade abate e queima
Nessa imensa e dourada pradaria
O vento de suão seca a cortiça
Leva consigo, numa lenta agonia,
O suor, a que chamam de preguiça.
Mas o Alentejo é belo e majestoso
Quem o ama chama-lhe de formoso
Quem parte volta, nunca diz adeus
Por isso há sempre vozes em coro
Canto alentejano em vez de choro
A alma alentejana tem força de Deus
19-04-2005
Rogério Martins Simões
1 comentário:
Na esperança de um Abril, que ás vezes duvidamos, se aconteceu mesmo, ou se de tanto o sonharmos, pensamos que aconteceu. Me diga que aconteceu de bom para o povo? Á sim a liberdade. Um bem supremo, não nego, mas chegará? Quererá o povo a liberdade, sem pão? Ou foi essa a liberdade com que sonhou?
E que não adormeçamos. Porque qualquer dia acordamos e a liberdade já cá não mora.
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