sábado, 9 de junho de 2007

Porque choram os teu olhos?

Alzheimer

Porque choram os meus olhos,
Nesta ilusão de esperança perdida!
E esta tristeza sem fim
Que me consome a vida?
Porque choram os meus olhos
Porque me afasto de mim?

Porque choram os meus olhos
Porque esta tristeza profunda?
De já não ser quem eu sou
De já não saber para onde vou!

Trocos os nomes, os rostos, os cheiros, os sabores,
Os quereres e os saberes!
Não existe passado, presente ou futuro
Só eu, dentro e fora de mim
E o vazio!

Já não sei quem eu sou, ou quem tu és
Afago o teu rosto, escuto a tua voz!
Vazio, silêncio, ausência de mim
E calo as palavras
E choro com a alma desfeita
De ser e não ser
De querer e não poder!

Sou uma sombra de mim mesma,
Deambulando nas trevas do desconhecido
Caminhando pelos sonhos incontroláveis
Na procura incessante do caminho,
Do regresso.
A mim!

Porque choram os meus olhos?
Ah… Isso, nem eu já sei!
Franky


Para a minha mãe, por tudo o que já passámos juntas, os sonhos, as ilusões e desilusões, o carinho, a protecção e por todo o amor que me soubeste dar. Por tudo isto e muito mais que aqui não caberia, te peço perdão por não conseguir fazer nada por ti.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mal comecei a ler e vi esse maravilhoso desenho, percebi que a assinatura era tua.
Mas deixas-me sempre em "suspense".
O que nem sempre é bom.
Deixas-me preso. Neste caso à tua mãe. E a ti, também.
O que me leva a perguntar o que se passa.
Se a pergunta fôr inoportuna ou fora de tempo, perdoa este teu amigo.
Um beijinho.

Franky disse...

Estás perdoado amigo.

O que se passa é precisamente o passar dos anos.
O tempo marcou presença e fez os seus estragos. A minha mãe vive por momentos suspensa no tempo, não no nosso tempo mas sim, no dela. Sem passado, nem futuro. Ausente na memória dos tempos. Mas sofrendo com isso. Tendo por momentos consciência das suas ausências. E tudo isto dói imenso.
Um beijo

Dina disse...

Sem saber o que dizer...e com umas lágrimas a embaciarem-me os olhos por me lembrar que também houve tanta coisa que não consegui fazer...

Anónimo disse...

amiga um grande beijinho!

É um lamento sentido e muito profundo... a dor de ir perdendo quem mais gostamos...pela idade, pela falta de saúde, pela falta de memória, por deixarem de já saber quem são...

E muitos parabéns pela veia poética. És uma ARTISTA dos quatro costados.