quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

"Portugal é o país com maior desigualdade entre ricos e pobres. Um quinto dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza

"Portugal é de longe o país da União Europeia (UE) com maior desigualdade entre ricos e pobres", refere um relatório divulgado pela associação humanitária OIKOS, que hoje, segunda-feira, assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 1,5 biliões o número de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, um flagelo que aumenta ao ritmo de 25 milhões de afectados por ano.

Um quinto dos portugueses abaixo do limiar da pobreza

"A pobreza em Portugal é um problema social grave e o seu não reconhecimento tem-se revelado, ultimamente, um dos maiores entraves à sua erradicação", menciona um manifesto divulgado hoje pela OIKOS, que lembra que um quinto dos portugueses vive no limiar da pobreza (21% da população).

Segundo a OIKOS, 12,4% da população activa não ganha mais do que o salário mínimo nacional, enquanto 7,2% da população activa está desempregada. Só no ano de 2003, mais de 5.000 trabalhadores "tiveram o seu trabalho reduzido ou suspenso".

No âmbito dos reformados, 26,3% recebem menos de 200 euros de reforma por mês e 147.332 recebem o Rendimento Social de Inclusão (151,84 euros).

País tem a pior distribuição de riqueza

A pobreza em Portugal

O documento subscrito salienta também que as 100 maiores fortunas portuguesas representam 17% do Produto Interno Bruto nacional, pelo que o país tem a pior distribuição de riqueza no seio da UE com os 20% mais ricos a controlar 45,9% do rendimento nacional.

No programa do governo Socialista é dado prioridade ao combate da pobreza em Portugal:

Protecção social e combate à pobreza: mais futuro, melhor presente!

"Os dados estatísticos existentes sobre a pobreza e a exclusão social não revelam, por si só, todas as dimensões destes flagelos, mas aproximam-nos da realidade e permitem-nos ir avaliando o caminho que estamos a percorrer". Informa-nos a REAPN. (Rede Europeia Anti Pobreza / Portugal)

Estes são os números! Esta é a realidade!

Não vou escrever mais sobre o programa do governo, nem sobre a pobreza declarada, nem das novas políticas sociais, nem das associações para isto vocacionadas, nem dos números, nem dos Fóruns para hoje agendados. Há quem esteja bem documentado, muito melhor do que eu, sabedor da matéria, com números e dados suficientes para tratar de tão grave problema. É só querer! E quando o homem quer a obra nasce.

Mas o que sempre me preocupou é a outra pobreza, aquela que pode estar mesmo ao lado da nossa porta, a que não fala, a que não grita, não pede, não estende a mão. Pobreza encoberta, que doe mais do que as do que comem a sopa nas casas de acolhimentos. Pobreza daqueles que não fazem parte dos números, dos que choram calados a vergonha de não ter dinheiro para pagar a casa, a água, a luz ou a educação dos filhos. Pobreza daqueles que perderam os empregos, por encerramentos das empresas ou por doença, ou por morte dos familiares.

Contar cada cêntimo, dia a dia para que nada do que é essencial nos falte, é uma luta muitas vezes inglória, porque é uma batalha isolada, uma luta sem participação, nem ajudas de lado nenhum.

Pobreza é também só termos dinheiro para o dia a dia, sem podermos prever e acautelar o futuro, na doença e na velhice. Pobreza calada, sentida e sofrida atrás de cada porta que se fecha, na nossa rua, no nosso bairro, no nosso prédio, ali mesmo ao nosso lado, até mesmo um nosso familiar, para encobrir a miséria de cada dia de luta.
Porque também se tem vergonha de ser pobre.

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Gostei do seu post. Penso que fez uma boa análise do problema. E tem razão quando fala da pobreza envergonhada.
Um abraço

Luis Eme disse...

Gostei de te ler...

Estamos todos cada vez mais pobres...

Só os gajos ricos, é que estão cada vez mais ricos...

E a pior pobreza, é mesmo a que não se vê...