Desinteresse!
Já há algum tempo que não escrevo nada por aqui, por vários motivos, primeiro porque não me sinto vocacionada para a escrita, como se as ideias tivessem fugido de mim, como se o mundo lá fora não me interessasse, como se os dias fossem todos iguais.
As mudanças não são fáceis, e na minha idade muito menos. A pouco e pouco estou de novo ganhando terreno no que se refere aos afectos, ao relacionamento com os outros. Se bem que por aqui as pessoas são abertas, simples e prontas para conviverem, mesmo com as pessoas que não conhecem, é fácil conversar, pedir ajuda para como fazer melhor as coisas que não conhecemos, conhecer locais, trocar ideias, fazer amizades. Mas a idade, a minha, é realmente uma condicionante grave. Ou sou eu, não sei. É muito diferente quando somos jovens, vemos a vida multicolorida, não pensamos nas adversidades, nem nos riscos, nem nos perigos. Agora tudo é “SE”! Paramos antes de avançar, antes de falar, antes de dizer! E isso é que nos torna velhos.
Depois também há um vazio enorme neste País que é meu de nascença e de coração, a nível politico e social, é assim como uma feira de vaidades onde se vai acusando uns e outros, de mil e uma coisa, quase todas graves, ou muito graves e depois ficamos sem saber o desfecho, é como acusar e fugir, sem nunca vermos os culpados serem julgados, ou condenados. Os homens deixaram de ser sérios, andam agora com a espada da justiça em cima das suas cabeças e vivem de festa em festa, de inauguração em inauguração, de viagem em viagem, como se nada fosse com eles. Políticos, dirigentes de clubes de futebol, juízes, advogados, médicos de renome, e mais não sei o que, são acusados de desfalques, falcatruas, aldrabices, desonras, calunias!
E nós, simples criaturas que nada devemos ao Jet Set, ou à política, ou aos senhores que em tudo mandam e que representam este povo, vamos ficando cansados, vamos vivendo amargurados, sem vontade de comentar, sem vontade de votar, sem vontade de interferir nesta sociedades de vida vazias. E é como se atravessássemos um deserto, deserto de valores, de ideias, de homens íntegros, honestos e sérios. Começamos a desconfiar dos partidos, das instituições, dos homens e mulheres deste País!
Perdemos horas, e por vezes dias, da nossa vida a seguir este ou outro caso bombástico que nos chega através dos órgãos de informação, todos os dias, sempre a horas certas, as de maior audiências, pessoas conhecidas são acusadas sem dó nem piedade, pelos jornalistas, como se estes fossem juízes, julgando, não entrevistando, com se aquele caso fosse a coisa mais importante deste mundo, para depois não sabermos o fim da história e cair no esquecimento.
Faz-se campanha política em cima da desgraça de cada um. Ali, no meio da catástrofe, aproveitando a ocasião para culpar o Governo. Acusam, apontam o dedo, como se eles próprio não soubessem de nada ou não tivessem uma cota parte de culpa no sucedido. Espectáculo mediático à hora de telejornal! Por outro lado o próprio Governo ouve, vê e segue em frente, indiferente à dor de quem sofre na pele a desgraça das horas más! Olham para o lado, assobiando indiferentes e seguem em frente, como se nada disto lhes dissesse respeito. Políticos que se acusam mutuamente na praça pública proferindo palavras que nos deixam atónicos, perplexos!
Há também os que gritam e barafustam de barriga cheia, os que nada mais fazem senão reclamar e organizar a confusão, tendo o ordenado garantido no fim do mês.
Nada disto faz sentido para mim neste momento, de repente é como se toda a gente tivesse tirado a máscara e eu tivésse a ver o mundo com outras cores, cinzentas, tristes, sombrias! É um país de desencanto! De desrespeito total!
E nós ficamos descrentes! Desinteressados! Apáticos. Desiludidos!
E deixamos cair os braços à espera nem sei bem de que!