sábado, 23 de junho de 2007

Os miseráveis!

Van Gogh

Os Velhos do meu País!

Enquanto um senhor todo poderoso, chamado Berardo, anda pelo meu País a comprar clubes de futebol, baseando-se na teoria que o seu Clube do coração está mal de massas, os Velhos do meu País andam à mingua de assistência médica e medicamentosa.
Enquanto um senhor todo poderoso já pensa em “fabricar” um banco para o seu Clube de coração, os Velhos do meu País tem de pagar 100€ por uma consulta de psiquiatria, mais farmácia, mais pagamento de transportes de ambulâncias, mais tratamento, e internamente se for esse o caso. Porque ter Alzheimer, doença de Parkinson, senilidade ou qualquer outra doença do foro psiquiátrico aos 80/90/100 anos é um luxo em Portugal.
Cobre-se-me a cara de vergonha por esta diferença abismal entre gentes do mesmo povo.
Mas povo é quem come o pão que o diabo amassou, o resto são turista que se pavoneiam mostrando a todos o estrato da sua conta bancária.
Quando estas doenças nos batem à porta, corremos todos os locais que nos vão indicando para minorar a situação, melhorar o doente, aliviar o cansaço, exigir o que eles têm direito depois de terem trabalhado uma vida inteira, e é muito triste ver todas as portas a fecharem-se-nos à nossa passagem. Aí verificamos o quanto este País tem de carências e de exploração.
Revolta e indignação é o mínimo que podemos sentir. Tudo o que se consegue arranjar é à custa de dinheiro, de muito dinheiro. Estes velhos, doentes, cansados, fartos de lutar, são explorados por quem lhes devia dar um final de vida no mínimo sem privações. Quem vive com estes velhos doentes, além da tristeza que se lhes estampa no rosto, por verem quem tanto amam numa degradação total, o cansaço, e a desilusão vão tomando conta deles. Desaparecem as pensões, os pés de meia e todo o resto que tiver à sua volta.
Explorados e extorquidos até o seu último centavo, nos últimos anos de vida que lhes resta.
Enquanto uns brincam aos bancos e aos clubes de futebol, outros lutam pela sobrevivência digna de um ser humano. Tudo isto no mesmo país!
Enquanto uns ganham milhões de €, num mês, sem terem consciência do que isso significa, os Velhos do meu País com pensões de 500€, os que ganham, têm de pagar uma fortuna para terem assistência médica especializada.
Aos políticos nem me ocorre uma palavra, aí a minha desilusão é total. Esses brincam aos Minisros com total desconhecimento destas realidades.
Enquanto isto, os Velhos do meus Pais, principalmente os doentes do foro psiquiátrico, vão deambulando indiferentes a todo este drama, fechados num mundo só deles, raramente, num rasto de alguma lucidez, ainda perguntam - Porque estou doente? Porque não me tratam? Para onde me levam? Quem são vocês?
E a escuridão volta, e o silêncio toma conta das suas vidas, refugiado-se em qualquer canto chamando por quem no passado fez parte do seu imaginário.
Entretanto os senhores que tudo podem vão brincando aos Clubes de Futebol, Jardins de outras culturas, indiferentes à dor humana dos Velhos do seu País!!!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Feliz aniversário ANA

Fotos

Há momentos em que não existem palavras
Palavras que exprimam o que sentimos
Palavras simples
Palavras de ternura
De carinho sem fim
Deste amor incondicional,
Que eu sinto por ti
Palavras cantadas ao sabor do vento
No saber dos tempos
De quem te ama

Hoje preciso escrever palavras
Palavras de esperança e de amor
Desta vontade de te querer
Eternamente amiga
Hoje as palavras não crescem,
Ficam presas em mim
Sentidas, caladas
Prisioneiras de um tempo sem fim
Em que eu sonhava contigo
E sonhando eu esperava!
Grávida de esperança
De te sentir em mim
E de te ver enfim
Depois da tua chegada!

Mas hoje é Junho
E Junho canta o teu dia
Mesmo longe de ti
Eu estou contigo
Hoje não há palavras
Porque a razão as apaga
Colocando em mim o silêncio
Das palavras que um dia te direi

Feliz dia de aniversário
Um beijo enorme de felicidades

A mãe
Franky



domingo, 17 de junho de 2007

A minha cadela!

Eu tenho uma cadela muito especial.

Adora gatos!
Eles são a sua companhia.
Partilham a comida, a água, a vida e o infortúnio do abandono.
A Zetta foi criada pelos gatos que já cá estavam em casa, ela própria criou o Sir, um gato que foi apanhado na rua com apenas 1 mês e que chegou depois dela.
Diferentes, mas amigos. Sem restrições, sem segregação.
Ela sente-se na obrigação de os proteger e passa o dia a vigiá-los. Se fazem maldades ou se estão em perigo vai logo a correr chamar-me, ladrando desesperadamente.
A Zetta, assim se chama a minha cadela, dorme com um olho aberto e outro fechado, não por receio de uma patada mais atrevida, mas porque os seus meninos podem precisar dos seus cuidados. Já tive vários cães, mas nunca um que gostasse tanto assim de gatos.
Todos eles são filhos do vento, vagabundos sem abrigo, que foram chegando e aconchegando-se uns aos outros.
A minha cadela é especial.
É a minha cadela.
E eu gosto dela assim!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Onde está o Verão?


Os dias seguem feios, com chuva, vento e algum frio! Os alertas laranjas para a maioria dos distritos é constante. Estamos em meados de Junho!
Ameaças do Verão mais quente de sempre continua isso mesmo, uma ameaça, mas por enquanto as nuvens negras anunciando trovoadas e chuvas torrenciais continuam a ser o nosso dia a dia.
Os pomares estão cheios de frutos à espera de serem colhidos. Estas chuvas fora de tempo vêm estragar o pouco que os agricultores ainda tiram da terra. Dizem que a culpa é do homem. Cada vez acredito mais que têm razão.
Este tempo não é normal, pelo menos para o tempo em que eu já vivi. As estações diferenciavam-se mais umas das outras. O Inverno rigoroso, em que passávamos semanas sem vermos o Sol, a chuva caia impiedosa e enchia, moderadamente, os solos com o seu liquido precioso. Fazia muito frio! Fazia frio no Carnaval!
A Primavera era amena, temperaturas agradáveis, com as trovoadas habituais, que assustavam com as fortes chuvadas, mas que ao mesmo alimentavam a terra.
Outros Verões, quentes mas sem sobressaltos de maior, nada de alertas, nem laranjas, nem amarelos. Eram quase três meses de estio, em que corríamos para a praia, desejosos de um ar fresco e cheio de maresia. As esplanadas estavam cheias de gente até altas horas da madrugada. As festas decorriam em noites de calor, sem medo de que uma qualquer chuvada fora de tempo viesse estragar os festejos.
Os frutos eram doces e grandes. Só os podíamos comprar na época certa, ou seja não havia fruta de estufa. Esperámos impacientemente a sua chegada.
Agora tudo está mudado, o Verão nem sempre é nos meses que lhe estava destinado, faz calor em Março ou Maio e chove semanas seguidas nos meses de Verão.
Depois, as pessoas começaram a ficar mais exigente, queriam Verão todo o ano, ninguém gosta de chuva, mesmo no Inverno querem ir para a praia porque o tempo já o permite, porque já não chove e há dias que faz calor. O Carnaval dos nossos dias tem sempre de ter calor, porque os desfiles assim o exigem. Cada vez se desfila com menos roupa porque se imitam-se outros continentes.
Revolucionou-se a agricultura, a industria e o comércio, com métodos mais modernos. Porque assim tem de ser.
E o natureza zangou-se!

Foto tirada da Net

terça-feira, 12 de junho de 2007

Noite de S. António em Lisboa!


Marchas desfilando na Avenida


Hoje é noite de S. António. Noite das festas de Lisboa. Noite das Marchas Populares descendo a Avenida. Noite de Sardinhas assadas, (mesmo a 2 euros cada). Os bairros populares enchem-se de gente para festejar o Santinho da sua cidade. Há cheiro de manjericos no ar. Há arraiais e foguetes no ar. Os noivos e as noivas de S. António fazem juras de amor aos pés do altar do Santo. Lisboa é única nos seus festejos tradicionais.



Lisboa é lindaaaaa!!!

Ó meu rico Santo António
És um Santo Popular
Na tua festa não falta
Sardinhas para assar




É noite de Santo António
Estalam foguetes no ar,
Põem o manjerico á janela
E vem para a rua dançar.



Santo António é o primeiro
A trazer a gente à rua,
Santinho casamenteiro,
Juntou o Sol e a Lua.

domingo, 10 de junho de 2007

O "meu" 10 de Junho!



10 de Junho, dia de Portugal, de Camões, e mais tarde das Comunidades …
E acrescento eu, o dia em que o meu Pai nasceu!
Para mim, ele é e será sempre o Português mais Português que conheci.
Por isso e para não me repetir nas palavras, fui procurar no baú das recordações do meu blog “Arte em Movimento” e trouxe até aqui, para as "Conversa de Café", um post escrito em 2006, dedicado a ele e ao seu carácter.
Fiz algumas alterações que achei necessárias.

“10 de Junho

A data de nascimento do meu Pai, dia da Raça, de Portugal, de Camões e das Comunidades !!
O meu Pai tinha um imenso orgulho de ter nascido nesta data, sentia-se mais Português que os outros Portugueses.
Era o seu dia! Tinha esse direito.
Toda a minha vida o lembrarei como um homem íntegro e justo, respeitador e respeitado. Amigo do seu amigo, tirava a camisa, se fosse preciso, para a dar a quem dela precisasse. Naquela época, quando eu era criança, os tempos no Alentejo eram muito difíceis, havia fome, pobreza e miséria. O meu pai era contabilista numa grande Fundição em Safara. Tirava do seu ordenado para dar a quem mais precisava, os patrões vinha passar férias em Cascais onde permaneciam meses a fio, ficando os homens que tinham na jorna sem um vintém. Eu vi o meu pai chorar muitas vezes desesperado, por ver aqueles homens cheios de fome à porta de minha casa para que ele lhes resolvesse o problema. E resolvia...

PAI... Saías de casa desatinado e só regressavas quando trazias o dinheiro para fazer aquela gente feliz e matar-lhes a fome, a Banca sempre te abriu as portas. Os grandes latifundiários também.
Pedias a toda a gente, não para ti, mas para eles, aqueles que tinham menos que tu. Os amigos, os grandes proprietários, os grandes latifundiários, nunca te deixaram sem ajuda. E aquele povo dependia de ti, todos os meses. Eu nunca soube como o conseguias, tinha entre os 5 e 10 anos, nada sabia ainda da vida, mas via a fome no rosto daquela gente, e o sofrimento nos teus olhos.

O tempo passado no Alentejo, naquele Alentejo tão teu, tão meu!
Ali estão as memórias, ali estão as saudades!

Os serões à luz do candeeiro de petróleo, onde tu me ensinavas a escrever e a fazer as contas escritas na ardósia, as cópias, os ditados e os meus primeiros desenhos. Só depois passadas a limpo para o caderno.
Na mesma pedra das contas eu desenhei Salazar, Carmona e D. Afonso Henriques! Tu ficaste emocionado e orgulhoso de mim, apesar de eu ter visto um certo desagrado ao veres o ditador, mas artista é assim, por vezes enigmático, e tu percebeste! Guardávamos os desenho para eu os mostrar na escola à minha professora. Ela não acreditou, pensou que eram teus! Que importa, era o nosso segredo. Sabíamos que eu nunca faria contas como tu, nem tu desenharias como eu. Rimos os dois. Felizes.

As tardes quentes de Verão. Os passeios pelos campos, por entre as searas que me cobriam o meu pequeno corpo, em grandes correrias. E eu escondia-me no meio das espigas loiras, prontas para nos dar o pão. Nós e o nosso cão, que nunca nos abandonava.


Os passeios até ao rio, em segunda-feira de Páscoa, juntamente com toda a família e a maioria dos habitantes da aldeia.
Quando te zangavas comigo, dizias - Mais vale chorares agora do que eu chorar quando tu fores grande - . Saberes que eu entenderia muito mais tarde.

Sempre me pareces-te o mais bonito de todos os homens, o mais inteligente, o mais sábio.


Nunca tiveste direito a férias. Trabalhaste todos os dias da tua vida, mesmo aqui, já em Lisboa, e apesar de estares doente.

Até que um dia partiste. Tinhas 56 anos.

PAI…nasceste numa data importante para Portugal e deixaste-nos a 5 de Outubro, já lá vão 34 anos, mas estás sempre aqui no meu coração, nas memórias e nas saudades.



Um beijo, para que o vento tu entregue, estejas onde estiveres.

Franky

sábado, 9 de junho de 2007

Porque choram os teu olhos?

Alzheimer

Porque choram os meus olhos,
Nesta ilusão de esperança perdida!
E esta tristeza sem fim
Que me consome a vida?
Porque choram os meus olhos
Porque me afasto de mim?

Porque choram os meus olhos
Porque esta tristeza profunda?
De já não ser quem eu sou
De já não saber para onde vou!

Trocos os nomes, os rostos, os cheiros, os sabores,
Os quereres e os saberes!
Não existe passado, presente ou futuro
Só eu, dentro e fora de mim
E o vazio!

Já não sei quem eu sou, ou quem tu és
Afago o teu rosto, escuto a tua voz!
Vazio, silêncio, ausência de mim
E calo as palavras
E choro com a alma desfeita
De ser e não ser
De querer e não poder!

Sou uma sombra de mim mesma,
Deambulando nas trevas do desconhecido
Caminhando pelos sonhos incontroláveis
Na procura incessante do caminho,
Do regresso.
A mim!

Porque choram os meus olhos?
Ah… Isso, nem eu já sei!
Franky


Para a minha mãe, por tudo o que já passámos juntas, os sonhos, as ilusões e desilusões, o carinho, a protecção e por todo o amor que me soubeste dar. Por tudo isto e muito mais que aqui não caberia, te peço perdão por não conseguir fazer nada por ti.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Paciência!



Só um pouco mais de paciência!!

domingo, 3 de junho de 2007

Laço Cor de Rosa!

O mundo de algumas amigas minhas virou-se um dia contra elas. A Maria, a Beatriz, a Teresa e a Paula, viram de repente o mundo desmoronar-se em cima das suas cabeças.
A angustia da espera do primeiro resultado.
O Positivo e o Negativo!
A importância do resultado e a angustia da espera.
A esperança de ouvir a resposta “É negativo”, fez passar momentos de verdadeiro suplicio à minha amiga Maria. Passou-se um Mês de espera, de angustia, de incógnita. A dúvida instalava-se a cada momento.
A resposta veio finalmente. O tão desejado “negativo” tinha chegado! As lágrimas correram livremente pelo rosto da minha amiga.
Que alívio!
Como se de um prémio de lotaria se tratasse e tivesse calhado à minha amiga o 1º prémio. O abraço apertado de amizade e solidariedade que trocámos naquele momento, o ar de alívio que o rosto da minha amiga expressava, as lágrimas deslizavam livremente mas desta vez de felicidade, são momentos que nunca esquecerei.
Maria é uma mulher franzina, mas sagaz e expedita, vai seguir na vida com mais atenção a todos os pequenos avisos que o seu corpo lhe enviar.
A Beatriz, outra grande amiga minha, não teve a mesma sorte, a resposta do “Positivo” ainda martela dentro das nossas cabeças. O desespero, a esperança, a desilusão, o sofrimento, o medo, tudo se recebe de uma rajada só, sem se entender bem o porquê.
Pelo mesmo pesadelo passou outra minha amiga, a Paula, irmã da Maria e a Teresa. Umas estão curadas outras continuam a lutar todos os dias.
O tratamento prolongado, a radioterapia, a quimioterapia e as suas consequências, a destruições do corpo. Dos belos corpos destas mulheres, todas elas na casa dos 30 anos!
Não é possível imaginar o sofrimento que todas estas mulheres têm de ultrapassar. Toda a solidariedade é pouca para o enorme sofrimento e desilusão que todas elas têm de passar.
Hoje e todos os dias elas continuam a lutar, contra uma doença impiedosa e cruel. O cancro da mama!
Um beijo enorme para estas minhas amigas, que são grandes mulheres de coragem. Mulheres com M grande.
Ps. Por respeito a todas as minhas amigas e pelo direito que elas têm ao anonimato, os seus nomes foram substituídos.