quinta-feira, 27 de março de 2008

O Teatro faz-nos falta!

Que falta que que me faz as noites de teatro na RTP! Eram noites de grande expectativa. Eram noites de magia, de sonho! Sem sair do nosso cantinho éramos visitados por grandes senhores da arte de bem representar. E que bem representavam. Eunice Munoz, Rui de Carvalho, encabeçam a minha lista de bons actores de Teatro. Uma peça notável de que não me esqueço, sobretudo pelo desempenho de Palmira Bastos que, com aquela idade, fez uma excelente representação. Sem dar pelo passar do tempo, ainda me recordo do som da bengala a bater no chão e esta frase inesquecível:
-"
Morta por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores!"
Frase que me ficou de exemplo para os momentos mais graves da minha vida. Mas parece que ao fim de mais de 30 anos o teatro está de volta à RTP! Com a peça “O dia das Mentiras”, baseado em duas comédias de Almeida Garrett, adaptadas por Rui Mendes, com encenação de Fernando Gomes, que sobe ao palco do Teatro Trindade e entra pela casa dos portugueses à hora das telenovelas.
Será? Com que regularidade? Em que horário? Será que vai passar às 6 da tarde como passa a novela Vila Faia? Quando nos dão alguma coisa de que gostamos, dão tão pouco e de tão má vontade que desconfiamos sempre um bocadinho. Bom, mas não vou falar antes de tempo e fico à espera que o Teatro volte em força e com muitas peças. Artistas bons nós temos de certeza e com vontade de trabalhar, também. Ficamos à espera.
E Viva o Teatro, o Teatro Português e os nossos actores!

sábado, 22 de março de 2008

Páscoa Feliz!


Hoje é sábado, véspera de Domingo de Páscoa! Continuamos em período de luto, de reflexão, de recolhimento pela morte de Jesus! Está um dia triste e cinzento. Lá fora chove e faz frio. Está uma primavera envergonhada.
Porém, quando eu era criança, Jesus já tinha ressuscitado! Durante muitos anos, sempre se ouviram o repicar dos sinos das Igrejas por volta das 10 da manhã. Era Sábado de Aleluia! Anunciavam o renascimento de Jesus! Depois, reconhecendo o erro, a igreja Católica passou a celebrar a Ressurreição, com ofícios religiosos, a partir das 0 horas de domingo.
Com esta alteração, o tocar dos sinos tão característico na minha infância acabou por se perder. Ainda me lembro da correria que a criançada fazia, para chegar à praça principal da aldeia de Safara, onde se erguia a enorme igreja com os sinos da torre a tocarem sem cessar, logo pela manhã.
Eu e a minha irmã vestíamos os melhores vestidos feitos pela minha mãe para aquela ocasião, a mim, a minha mãe insistia em me colocar um laçarote nos cabelos que de tão lisos e finos, não ficava lá mais que uns minutos. Era para eu ficar mais bonita, dizia ela!
Entravamos na Igreja e eu ficava parada a olhar para aquele Cristo, antes coberto de panos roxos, o que sempre me fazia uma enorme confusão para a minha imaginação de criança, e agora a olhar para mim, com um ar tão sofrível, tão magoado, tão triste. Eu sentia culpa, nem sei bem de quê, e ficava triste também, como se eu fosse a culpada de todos os pecados do mundo!
Mas era hora de festa e de cantar Aleluia, e eu ia devagarinho juntar-me aos meus familiares, sem nunca deixar de olhar aquele rosto que de longe me seguía e que apesar de todo o seu sofrimento me parecia fraternal e compreensivo.
A seguir eu saía da Igreja e ia desejar Uma Páscoa Feliz a toda a gente que conhecia.
É isso que eu hoje e passado tantos anos, desejo a todos vós, os que por aqui vão passando.

sexta-feira, 21 de março de 2008

No dia Mundial da Poesia!

No teu Poema

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.

No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.

Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.

No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.

Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.

José Luis Tinoco

quarta-feira, 19 de março de 2008

Saudade


Poema ao meu Pai!

Cai chuva
Miudinha
Desta nuvem que sou eu.
Cai e não a consigo suster.
Cai de mansinho,
Sorrateira,
Nesta dor que transporto
E não suporto.
Molha o chão
Que calcorreio
Das saudades que albergo,
Nesta alma
Que é minha,
É nossa.
Cai chuva,
Devagarinho,
Dos olhos que me enfeitam
E que por si
Choram,
Meu pai…

(João Falcato)

quinta-feira, 13 de março de 2008

A perda maior!

A perda de um filho!

Caminhavam as duas, mãe e filha, de mãos dadas, tranquilamente pelo passeio daquela rua concorrida do Bombarral. Iam em alegre cavaqueira, como se a vida fosse só delas e as duas partilhassem segredos que só grandes amigas sabem compartir. Talvez partilhassem promessas de paz e amor! De vidas futuras! Quem sabe!
A filha, uma criança de 5 anos, alegre e activa, sempre pronta para a brincadeira e para mais um carinho a quem lho pedisse. Gostava de dar mais um mimo, mais um beijo, mais um sorriso às pessoas amigas.
Depois de terem feito as comprar, as duas seguiram felizes para mais uns afazeres, que esta vida é de uma constante roda-viva. Depois de resolvidos mais uns assuntos a menina achou que tinha de dar mais um beijinho de despedida aquela senhora de quem ela gostava e voltou para trás. E com isso fez a vida parar! A sua vida! O seu sorriso desapareceu para sempre do seu pequenino rosto.
Ali naquele instante o mundo parou no coração daquela mãe. Gritou, correu, mas o carro que se aproximava, só parou quando colheu o corpo pequenino da sua menina. Seria o fim daquela curta vida, perante o desespero e impotência desta mãe.
E foi o acabar de um sonho, a vida parou ali naquele instante, apesar de tudo fazerem para trazer a menina para os braços da sua mãe, ela partiu e ficou um vazio e uma dor enorme. Uma dor difícil de entender, misto de revolta e inconformismo. A mãe desta menina, não merecia esta dor tão lancinante que neste momento está a sentir! Lutou e fez tudo o que era possível para gerar uma vida e um dia como por milagre ficou grávida. Foram dez longos anos de tratamentos, ilusões e desilusões. Ela conseguiu vencer esta luta, a da vida. A mesma luta que a espera agora para conseguir superar esta perda, a da morte! A sua menina tão desejada parte com apenas 5 anos. Ninguém merece esta dor, ninguém deveria conhecer esta perda. Esta mãe está a sentir o desespero maior que alguém pode sentir. Porquê? Não encontro a resposta.
Não existe uma palavra para classificar a perda de um filho.
A toda a família o meu pesar sincero. Para a minha amiga, a mãe da menina, um abraço de grande amizade e sentimento profundo de respeito neste momento tão difícil. Que Deus os ajude!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher!


Hoje é o Dia Internacional da Mulher!

Esta data é mundialmente dedicada a homenagear aquelas mulheres que no ano de 1857 sofreram na pele a força bruta da ignorância dos homens!

"A ideia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão económica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e industria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários".

Também pretendo lembrar neste dia, Mulheres anónimas que venceram doenças, que souberam chorar, rir e amar. Lembrar as Mulheres que ainda hoje sofrem na pele as diferenças, as lutas constantes pelas pequenas coisas! Para aquelas Mulheres que em noites de solidão, abafam o grito do desespero, do abandono, da ignorância, e vão chorando no silêncio do seu quarto o desespero de não ser igual!

Porém, também as mulheres da minha vida, merecem que lhes dedique este post, neste dia 8 de Março! Porque elas são grandes mulheres que preencheram a minha vida de muito amor. Para elas envio uma flor e um beijo de muito carinho e admiração.

À minha mãe, porque hoje é o primeiro ano que não a tenho comigo e não posso dar-lhe uma flor e mostrar-lhe o quanto a amei e amarei sempre. Continuo a recordá-la como antes da partida, como se o ontem não existisse, como se o amanhã fosse hoje.

À minha filha, uma mulher de corpo inteira, Mulher com M grande, inteligente, sensível e amiga, que eu admiro e amo muito.

Para a minha irmã, que sempre soube ser minha amiga e me apoiou quando eu mais precisava.

Às minha amigas, aquelas amigas que o souberam ser incondicionalmente sem dia ou hora marcada.

E para todas as mulheres que passando por aqui vão deixando as suas palavras de amizade.

Para todas elas, os meus...


quinta-feira, 6 de março de 2008

Sorriso precisa-se!


Creio que foi o sorriso,
O sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugênio de Andrade

Dedico este Post à Ministra da Educação!
Não vou falar do seu trabalho como Ministra da Educação, deixo isso para os seus contestatários e opositores.
A senhora não sorri e isso preocupa-me. Nem um esgar se vislumbra naquele rosto! A Ministra tem um rosto carregado, triste, responsável, taciturno, que nos deixa preocupados, apreensivos.
O seu discurso é carregado de palavras sérias, duras, amargas, o que nos deixa preocupados e tristes também.
O seu rosto é triste e fechado, carrega com ela toda a responsabilidade do mundo e o comprometimento de querer fazer o melhor.
Sorrir não é fácil, não pensem que é só fazer um trejeito com os lábio e já está, não, o sorriso tem de vir de dentro, do profundo da alma. As pessoas crescem, estudam, formam-se tornam-se adultas, transformam-se pela vida fora em gente responsável e idónea mas pelo caminho esqueceram-se de sorrir! Perderam esta capacidade algures, talvez quando eram crianças, onde o sorriso era livre e sem
comprometimento. E o sorriso é comunicação!
Se a Ministra da Educação Maria de Lourdes Rodrigues, tivesse um sorriso sincero alegre e jovial, com certeza seria muito mais compreendida pelos outros.

Antoine de Saint-Exupéry diz: "No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele".

Maria Fernanda Barroca diz: “O sorriso pode ser um grande auxiliar na educação. Não o sorriso que pactua com a asneira, mas o sorriso que acompanha uma repreensão justa e que mostra ao visado que, apesar da dureza e firmeza da repreensão, há amizade e compreensão”.

“O sorriso é silencioso como chuva mansa que cai e fertiliza a terra ou como brisa suave que acaricia e refresca o rosto. O sorriso desvenda delicadamente o interior de quem sorri”.


Sorria Sr. Ministra, e vai ver que as coisas lhe vão correr muito melhor!




quarta-feira, 5 de março de 2008

José Luís Peixoto



José Luís Peixoto - Nenhum olhar


Deixa-me descansar... Deixa-me adormecer sem temer encontrar-te! E o mundo acabou. Inexplicavelmente, ou sem uma explicação que possa ser dita e entendida. O mundo acabou, como num instante em que se fechassem os olhos e não se visse sequer o que se vê com os olhos fechados. (...). O mundo acabou e nem o tempo prosseguiu. Os minutos não passavam porque não existiam, como não existiam os momentos ou os olhares. O infinito era o infinito de não ser nem infinito, nem nada. A morte não existia no meio de todas as coisas mortas. Não existiam os cadáveres. Tinha morrido a memória da morte. (...). O mundo acabou. E não ficou nada. Nem as certezas. Nem as sombras. Nem as cinzas. Nem os gestos. Nem as palavras. Nem o amor. Nem o lume. Nem o céu. Nem os caminhos. Nem o passado. Nem as ideias. Nem o fumo. O mundo acabou. E não ficou nada. Nenhum sorriso. Nenhum pensamento. Nenhuma esperança. Nenhum consolo. Nenhum olhar.

«Filho. Gostava que houvesse uma aragem qualquer que me explicasse esse teu sorriso e outra que te explicasse, sem te magoar, o meu silêncio.»


«Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu.»

Passagens do livro de José Luís Peixoto, jovem escritor Alentejano, de
Galveias, concelho de Ponte de Sôr, e distinguido com vários prémios literários entre eles o Prémio Literário José Saramago!
Eu gostei especialmente deste, Nenhum Olhar. É um retrato social de v
idas, de sentimentos.
Nenhum Olhar é uma ode à tristeza, aos silêncios, ao sofrimento e ao isolamento deste chão Alentejano!
Como alguém escreveu...

“Mas acima de tudo, o que torna este livro uma leitura obrigatória, não é o facto de nos fazer pensar...

...é o facto de nos fazer sentir”.

terça-feira, 4 de março de 2008

Toda a criança tem o direito de ser FELIZ!!


Este vídeo é do melhor que se tem feito em publicidade, tendo como objectivo a liberdade das crianças!

Toda a criança tem direito a ser feliz, a brincar em liberdade! A brincar na rua, na lama, a saltar à corda, a jogar à macaca, à bola, à apanhada, como nós fizemos um dia. Assim seria perfeito que a principal ocupação das crianças seja de facto brincar, sujar-se, aprender, divertir-se longe da exploração, do trabalho, e de todo o tipo de maus-tratos.
Que perfeito o mundo seria se isso fosse verdade.





Rui Pedro!

Faz hoje 10 anos que o Rui Pedro desapareceu!
Dez anos de sofrimento! Dez anos de desespero! Dez anos de ilusões constantes e de novo o vazio! Dez anos de encontros adiados! De um amor adiado! De um amor de mãe que nos aflige! Dez anos de esperança renovada a cada dia que passa.
Não só porque o nome do meu filho também é Rui Pedro, não só porque
este menino foi um dos primeiros a despertar-nos para esta realidade, não só porque o Rui Pedro é um pouco de todos nós, mas também porque ainda sentimos uma esperança neste regresso tão desejado, tão esperado, e por isso mesmo renovado no nosso desejo infindável da sua volta para casa. Por todos os “Ruis Pedros deste mundo que a esperança do seu retorno nunca morra.

domingo, 2 de março de 2008

Uma simples Flor!

Hoje de manhã quando fui comprar o jornal, como todos os sábados, recebi um sorriso e uma flor. Sem razão alguma aparente. Simplesmente porque sim.
Não é todos os dias que isto acontece e não é todos os dia que somos assim agradavelmente surpreendidos com uma amizade que longe de ser interesseira ou maldosa nos leva a pensar que as pessoas que nos rodeiam são bonitas não só por fora mas também por dentro.
O meu dia iluminou-se e tinha de correr bem. Alguém se encarregou para que isso fosse verdade. logo pela manhã. Bem haja! Obrigada.