sábado, 20 de outubro de 2007

Sem comentário!!!



Fica uma tristeza enorme! Desespero e vontade de fugir para um lugar longe daqui.

A sós com a noite

Ana Moura

Bate forte a saudade
Com a grande vontade
De te ver

A luz que se arredonda
Alongando-me a sombra
Sozinha
A saudade de ter
Uma dor que ao doer
É só minha.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

"Portugal é o país com maior desigualdade entre ricos e pobres. Um quinto dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza

"Portugal é de longe o país da União Europeia (UE) com maior desigualdade entre ricos e pobres", refere um relatório divulgado pela associação humanitária OIKOS, que hoje, segunda-feira, assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 1,5 biliões o número de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, um flagelo que aumenta ao ritmo de 25 milhões de afectados por ano.

Um quinto dos portugueses abaixo do limiar da pobreza

"A pobreza em Portugal é um problema social grave e o seu não reconhecimento tem-se revelado, ultimamente, um dos maiores entraves à sua erradicação", menciona um manifesto divulgado hoje pela OIKOS, que lembra que um quinto dos portugueses vive no limiar da pobreza (21% da população).

Segundo a OIKOS, 12,4% da população activa não ganha mais do que o salário mínimo nacional, enquanto 7,2% da população activa está desempregada. Só no ano de 2003, mais de 5.000 trabalhadores "tiveram o seu trabalho reduzido ou suspenso".

No âmbito dos reformados, 26,3% recebem menos de 200 euros de reforma por mês e 147.332 recebem o Rendimento Social de Inclusão (151,84 euros).

País tem a pior distribuição de riqueza

A pobreza em Portugal

O documento subscrito salienta também que as 100 maiores fortunas portuguesas representam 17% do Produto Interno Bruto nacional, pelo que o país tem a pior distribuição de riqueza no seio da UE com os 20% mais ricos a controlar 45,9% do rendimento nacional.

No programa do governo Socialista é dado prioridade ao combate da pobreza em Portugal:

Protecção social e combate à pobreza: mais futuro, melhor presente!

"Os dados estatísticos existentes sobre a pobreza e a exclusão social não revelam, por si só, todas as dimensões destes flagelos, mas aproximam-nos da realidade e permitem-nos ir avaliando o caminho que estamos a percorrer". Informa-nos a REAPN. (Rede Europeia Anti Pobreza / Portugal)

Estes são os números! Esta é a realidade!

Não vou escrever mais sobre o programa do governo, nem sobre a pobreza declarada, nem das novas políticas sociais, nem das associações para isto vocacionadas, nem dos números, nem dos Fóruns para hoje agendados. Há quem esteja bem documentado, muito melhor do que eu, sabedor da matéria, com números e dados suficientes para tratar de tão grave problema. É só querer! E quando o homem quer a obra nasce.

Mas o que sempre me preocupou é a outra pobreza, aquela que pode estar mesmo ao lado da nossa porta, a que não fala, a que não grita, não pede, não estende a mão. Pobreza encoberta, que doe mais do que as do que comem a sopa nas casas de acolhimentos. Pobreza daqueles que não fazem parte dos números, dos que choram calados a vergonha de não ter dinheiro para pagar a casa, a água, a luz ou a educação dos filhos. Pobreza daqueles que perderam os empregos, por encerramentos das empresas ou por doença, ou por morte dos familiares.

Contar cada cêntimo, dia a dia para que nada do que é essencial nos falte, é uma luta muitas vezes inglória, porque é uma batalha isolada, uma luta sem participação, nem ajudas de lado nenhum.

Pobreza é também só termos dinheiro para o dia a dia, sem podermos prever e acautelar o futuro, na doença e na velhice. Pobreza calada, sentida e sofrida atrás de cada porta que se fecha, na nossa rua, no nosso bairro, no nosso prédio, ali mesmo ao nosso lado, até mesmo um nosso familiar, para encobrir a miséria de cada dia de luta.
Porque também se tem vergonha de ser pobre.

Nuno Júdice

Mensagem das gotas

As coisas mais simples,

ouço-as no intervalo do vento,

quando um simples bater de chuva nos vidros

rompe o silêncio da noite,

e o seu ritmo se sobrepõe ao das palavras

Poema de Nuno Júdice - As coisas mais simples

Nuno Júdice vencedor do Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, pelo livro «As coisas mais simples»

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A entrevista!

O silêncio do(a)s inocentes

Circulam na blogosfera vários excertos de uma entrevista que Monsenhor Luciano Guerra, reitor do Santuário de Fátima, deu ao suplemento Notícias de Sábado do DN de 6 de Outubro.

Em entrevista Monsenhor Luciano Guerra, profere um conjunto de afirmações que no mínimo são insultuosas para todas as Mulheres.

Citando parte da entrevista: «Notícias Magazine-Na sua opinião uma mulher que é agredida pelo marido deve manter o casamento ou divorciar-se? Respondeu Monsenhor Luciano Guerra - Depende do grau de agressão! NM - O que é isso de grau de agressão? Resposta - Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que dá um soco na mulher de três em três anos; NM - Então reformulando a questão: agressões pontuais justificam um divórcio? Resposta - Eu, pelo menos, se estivesse na parte da mulher que tivesse um marido que a amava verdadeiramente no resto do tempo, achava que não. Evidentemente que era um abuso, mas não era um abuso e gravidade suficiente para deixar um homem que amava.»

Fala-nos também Monsenhor Monsenhor Luciano Guerra sobre o divórcio, o aborto, do mal que a presença das jovens junto dos rapazes que tem como consequência a falta de aproveitamento!

Isto é só um enxerto de longa entrevista que Monsenhor Luciano Guerra deu ao "Notícias Magazine". Como fica a nossa consciência católica ou não, perante uma igreja que se espelha assim neste seu alto representante?

Adriano Correia de Oliveira



Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não!

Blog Action Day


«Blog Action Day» celebrou-se dia 15, segunda-feira, com luta pelo ambiente
O tema escolhido este ano para o «Blog Action Day», foi o meio-ambiente. A expectativa oficial é que a iniciativa atinja cerca de 5,5 milhões de leitores cibernautas.

O «Blog Action Day» passa pela mobilização de bloggers em todo o mundo para publicarem, no mesmo dia, textos com um assunto pré-definido, de relevância global, sem qualquer tipo de censura por parte dos organizadores.

O objectivo é «fazer com que todos passem a conversar sobre um futuro melhor», explica o site oficial.

Esta iniciativa conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Ambiente e de vários serviços da Internet, entre os quais o site de partilha e votação de favoritos Reddit e o blogue oficial do Google.


Por mim, por ti, pela humanidade, eu aderi!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Fausto Correia!

Há dias em que as más notícias nos deixam abalados. Porque por um motivo ou outra elas nos tocam.
Da direita à esquerda, o país reagiu consternado à notícia da morte de Fausto Correia!
O Eurodeputado não resistiu a um ataque cardíaco na última madrugada!

Portugal Diário

"O eurodeputado socialista Fausto Correia, 55 anos, morreu na madrugada desta terça-feira em Bruxelas, vítima de ataque cardíaco, confirmou o Gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa em comunicado, informa a agência Lusa.

Natural de Coimbra, Fausto Correia, foi deputado socialista, secretário de Estado da Administração Pública, dos Assuntos Parlamentares, Adjunto do Ministro de Estado e Adjunto do Primeiro-Ministro.

Antigo presidente da Associação Académica de Coimbra-Organismo Autónomo de Futebol, Fausto Correia, licenciado em Direito, repartiu a vida entre a carreira de jornalista e de político Como jornalista integrou os quadros do República, foi um dos fundadores do diário A Luta e delegado da ANOP em Coimbra.

Mais tarde foi membro de vários Conselhos de Administração da RDP-Radiodifusão Portuguesa e entre Abril de 1992 e Outubro de 1995 foi Vice-Presidente da Direcção-Geral da Agência LUSA de Informação.

Além de eurodeputado, Fausto Correia era actualmente deputado à Assembleia Municipal de Miranda do Corvo e Presidente da Mesa da Comissão Política da Federação de Coimbra do PS, estrutura de que foi o líder entre 1978 e 1980 e entre Março de 2002 e Abril de 2003.

No Parlamento, era membro da Comissão Parlamentar das Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos e membro suplente da Comissão Parlamentar dos Transportes e Turismo do Parlamento Europeu.

Integrava ainda a delegação para as Relações com os Países da Comunidade Andina e era membro suplente das delegações para as Relações com o Mercosul e à Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana."

A ele lhe devemos entre outras coisas a "Loja do Cidadão"!

À família enlutada e ao PS os meus mais sentidos pêsames.

Raul Durão!

De vez em quando somos despertados do nosso estado de monotonia com a notícia da partida de um amigo ou conhecido. Desta vez foi o apresentador da RTP, Raul Durão, que nos deixou. Partiu a imagem que tanta companhia nos fez no ecrã da televisão estatal. Apresentou programas como "Bom Dia Portugal", "Magazine informativo" e "Estrada Viva", que nos marcaram, deu notícias que nos chocaram, o acidente que vitimou Sá Carneiro, e por fim ele próprio é notícia. Por vezes quando um jornalista é a notícia, é pela pior razão. É o caso de Raul Durão! Desapareceu um grande profissional de comunicação. Fica a notícia e a saudade .

Canção de Outono!

Inevitavelmente eu tinha de vos falar no Outono! E porque este ano o Outono é diferente dos outros, porque não faz frio, porque não chove e porque as árvores ainda não se vestiram de folhas envelhecidas, amarelas tingidas de verde, castanhas, ou vermelhas se esvaindo. Tudo se enfeita para receber a estação Outonal. Mas este ano o ar está quente, há cheiros próprios de outra estação, de outros tempos, de outros lugares.
O meu pai deixou-nos no Outono, a minha mãe entristece no Outono.
E, apesar de tudo, eu gosto do Outono...
E porque este ano eu também estou diferente, não me queria repetir e saudar como habitualmente esta estação de mil cores. Por isso vos trouxe um bocadinho da maravilhosa "Canção de Outono" de Alice Vieira.

Canção de Outono

Alice Vieira

“A minha mãe diz sempre que foi por causa do Outono.
Que é sempre assim, quando a areia, o sol, o azul do mar e do céu ficam apenas na nossa memória.
Que as pessoas suportam mal o cheiro a naftalina das camisolas e dos casacos que tiram dos armários, fechados durante tanto tempo. Começam a espirrar, têm alergias e prometem mais uma vez lembrar-se com antecedência que os têm de tirar mais cedo para arejarem.
Então, diz a minha mãe, as pessoas ficam mesmo sem paciência. E gritam. E respondem torto. E têm saudades dos amigos que fizeram e que desapareceram.
E habituam-se mal aos espaços estreitos, aos horários, ao trânsito das ruas, ao telemóvel sempre a tocar uma melodia insuportável mas que têm preguiça de mudar. E – repete muitas vezes a minha mãe – às vezes dizem coisas que não querem. Como se as palavras estivessem cansadas de estar presas e desatinassem boca fora.
E nunca se pode culpar ninguém.
É o Outono, diz a minha mãe.
Nada a fazer.”

Mas eu não acredito que o meu pai tenha saído de casa por causa do Outono. Apesar do que diz a minha mãe. Naquele dia ele levou-me à escola. Lembro-me de
que a professora estava à porta a comer um gelado e
que se riu para ele e ele para ela.
– A comer um gelado com um tempo destes? Daqui a pouco até lhe gelam os lábios...
A professora riu, sacudiu o cabelo e respondeu que qualquer tempo era bom para se comer um gelado, que os portugueses é que tinham a mania de que eles só se
devem comer no Verão.
O meu pai voltou a rir e disse que ela ainda parecia mais criança do que nós. Ela voltou a sacudir a cabeça e disse que não havia tempo certo para se ser criança.
– Tal como para comer gelados – acrescentou.
Por causa do gelado é que eu me lembro deste dia.
Eu com tanta vontade de pedir um ao meu pai, mas sabendo perfeitamente que ele nunca mo iria dar, apesar de ter rido com as palavras da professora.
Claro que também me lembro desse dia por outros motivos. Nessa tarde, quando cheguei da escola, a minha mãe levou-me para o quarto e disse:
– Temos de conversar.
Estremeci. Passei rapidamente em revista todas as possíveis asneiras cometidas nesse dia, e na véspera, e não era capaz de encontrar nada que justificasse aquelas
palavras e os olhos da minha mãe, subitamente tão castanhos. A minha mãe tem olhos verdes quando está bem disposta, e castanhos quando se zanga. O meu pai costumava dizer que bastava olhar para os olhos dela para saber que palavras iriam sair da sua boca.
– Temos de conversar – repetiu ela nessa tarde.
Nessa noite o meu pai não veio jantar. Nem na outra. Nem nas outras que se seguiram. Por causa do Outono, garantia a minha mãe. Por causa dessa tristeza que entra no coração das pessoas quando a chuva se anuncia.
– E quando houver sol, muito sol, o pai volta? – lembro-me de ter perguntado.
Mas a minha mãe não respondeu.
Só os olhos continuaram castanhos e húmidos...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A minha mãe!


A minha mãe

As pernas vacilam, os braços estendem-se no vazio à procura de apoio. Em volta nada de novo, somente a escuridão como companhia. Depois, o corpo a cair! A dor e o desespero.

- São os últimos dias da minha vida! - disse-me ela mal me sentiu, por entre lágrimas de dor e de angústia. Estava deitada na maca do hospital para onde a levaram. Ali a fui encontrar no meio do seu desespero. Pequenina, franzina, acabada.
Os exames, o diagnóstico e o internamento. Tinha a bacia partida em dois sítios, teria de ser operada com urgência.
A cama de um hospital, o silêncio e a solidão. A espera.
As lágrimas correm-lhe pelo rosto crivado de rugas. Não compreende porque tem de estar longe da sua casa, entre estranhos. Não vê, não ouve, não se pode mexer.
- É o meu fim! - repete-nos incessantemente. Nós sabemos que sim.
Inclino-me sobre a cama, onde permanece imóvel, afago-lhe o rosto. Penteio-lhe os cabelos brancos. Choro com ela. Desespero com ela. Não compreende! Também não compreendo. Revolta-se. Eu revolto-me.
A cada dia que passa o seu estado degrada-se mais e mais, só as lágrimas e a dor que não consegue calar. Os silêncios vão sendo cada vez maiores, já não faz perguntas, as memórias ficam escondidas. A voz cala-se no silêncio das palavras. Já não há sorrisos no seu rosto tão velhinho. Só sofrimento.
Quem me dera estar ali no lugar dela!
Porquê tanto sofrimento, tanta dor? Têm a "partida" de minha mãe de ser assim? Não compreendo. Ela também não!
Não é a "partida" da minha mãe que mais me doí, mas sim este sofrimento, esta dor, esta espera. Que palavras lhe podemos dizer para amainar o seu sofrimento?
Eu só lhe quero dizer que a cada dia que passa a amo mais!