sábado, 31 de março de 2007

A Quaresma da minha infância!

Safara


Hoje dei comigo a lembrar a minha infância em terras do Sul e a fé de quem acredita em tempos de Quaresma. As minhas recordações levam-me a Safara, uma aldeia no distrito de Beja, concelho de Moura. Safara é uma pequena aldeia perdida entre a planície alentejana e as serras que cortam os ventos de Espanha e onde eu vivi entre os anos 1954/64.
Safara tem uma praça principal com um jardim no qual tem uma fonte de homenagem ao povo de Safara. A Ermida de Santa Ana e a Capela de S. Sebastião.


Ermida de Santa Ana Capela de S. Sebastião

Safara, nestes dias de Quaresma vestia-se de roxo e rosmaninho.
A Igreja Paroquial (séc.XVI-XVII Património Histórico Nacional, tinha na época belíssimos painéis de azulejos invocando a Via Sacra, cobria todos os seus santos com panos roxos nesta época do ano, símbolo do sentimento de tristeza e respeito pela dor do menino que se fez homem e que se tinha deixado morrer por todos os erros da humanidade. E assim ficavam até ao momento da ressurreição. A Igreja era imponente aos meus olhos de menina. Eu entrava pela enorme porta principal, estava sempre aberta para nos receber, com passos miúdos e muito leves para não fazer estalar o chão de madeira e assim despertar quem ali se encontrava em meditação. Ficava ali largas horas a olhar para as imagens cobertas pela cor da paixão e imaginando um mundo só meu.
O Senhor dos Passos, lá em cima no andor, carregando uma cruz enorme às costas, coberto de feridas, ensanguentado e exausto, num sofrimento enorme, imóvel e envolto em panos roxos, fazia-me ficar muito triste. Um outro Cristo, deitado debaixo de um altar, dentro de um caixão, metia-me medo, mal me conseguia aproximar. Ficava ainda mais triste, constrangida,pensativa, perdida. Não entendia o porque de tanto sofrimento no rosto daquele homem que me ensinaram a amar por ser Santo.
Existia na altura em Safara, uma irmandade que não me recordo o nome, mas da qual fazia parte a Irmã Maria de Jesus, a Madre Superiora, que me ensinou a catequese e a compreender o significado da Quaresma, da Páscoa, e de toda a vida de Cristo. A irmã Raquel, uma freira bonacheirona e muito simpática que era a nossa enfermeira, vinha a minha casa dar-me as injecções quando eu estava doente e o Dr. Carlos ou o Dr. Louro mas receitavam, são estas pessoas e tantas outras de Safara que preenchem o mundo real e imaginário da minha infância. O senhor da Farmácia, o casal Guerra dos Correios, as lojas e as tabernas de Safara, são também pedras sólidas do meu crescer em terras Alentejanas.
A procissão das “Endoenças” em Safara é qualquer coisa de que não esqueço. Poucas festas existiam nestas aldeias esquecidas do Alentejo, num país de terras de fome e miséria, nestes tempos de repressão. Era a procissão nocturna do Encontro entre Jesus e sua Mãe.
O andor do Senhor dos Passos saia da Igreja para o silêncio da noite, o compasso marcado pelos Farricocos (homens descalços, com túnicas e cabeças tapadas com capuz) eu chamava-lhes "cucas”. O respeito no silêncio do povo.
Depois o Encontro entre Mãe e Filho. E aí o meu corações parava para ouvir a Maria Madalena com uma voz imaculada, cantando com dor na voz.
Maria, encontra o seu filho perdido na dor. O silêncio aperta-nos o peito com vontade de chorar. Madalena enxuga o rosto de Jesus e eu vejo boquiaberta, o seu rosto naquele pano que Maria Madalena vai desenrolando e cantando. A sua bonita voz eleva-se na noite, num trinado que nos faz arrepiar. Nunca ouvi cantar tão bem, aquela voz no silêncio da noite transporta-nos para outros tempos perdido nos séculos e nos homens. O tempo pára. E eu não esqueci. É um quadro vivo nas memórias de menina.
Safara, é a terra que mais me marcou a infância em todos os sentidos e me deixou mais saudades. E porque o tempo não volta para trás, resta-nos recordar, quando as recordações são assim tão vivas e tão felizes.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Sergio Godinho!

Chama-se "Às Vezes o Amor" é o primeiro single do novo álbum de Sérgio Godinho, o álbum chama-se "Ligação Directa". Vale a pena ouvir Sérgio Godinho de novo.

Eunice Munõz



Sem dúvida que a Internet é um óptimo meio de comunicação entre as pessoas. Divulgar e fazer chegar a imagem e a palavra a quem a deseja e não tem outro meio para o fazer.
Este receio também aconteceu em relação à TV quando ela apareceu e hoje através dela podemos apreciar o trabalho dos nossos actores. Pena é que não seja mais divulgado o Teatro.

Mas voltemos a falar de Eunice do Carmo Munõz. Eunice nasceu no Alentejo, mais precisamente na Amareleja, pequena aldeia em pleno Alentejo profundo. Nasceu em 1928 numa tarde quente de fins de Julho.
A família formava a Troupe Carmo e fazia as delícias das populações do Sul. A minha mãe ainda se recorda da ansiedade e frenesim que a chegada do Circo Carmo provocava naquela gente de Barrancos. E como ainda recorda igualmente com saudades de ver actuar a mãe de Eunice, a grande Mimi!
Eunice não vivia com grande alegria a sua actuação nos palcos de pano, Achava mais graça, depois do espectáculo e com o teatro vazio, contar com o pai, as moedas que constituíam a receita da bilheteira.
Em 1941, Amélia Rey Colaço, directora da Companhia Rey Colaço Robles Monteiro, o maior prestígio da cena portuguesa, precisou de três raparigas muito novas, que contracenassem com Maria Lalande no 1º acto de Vendaval, que seria a última peça de Virgínia Vitorino. E o velho tenor Sales Ribeiro lembrou-se de recomendar a pequena dos Muñoz.Com apenas 13 anos, mas já com uma grande experiência de palco, trabalhou com Palmira Bastos, Lucília Simões, Amélia Rey Colaço, Maria Lalande e também com o galã Raul de Carvalho e João Villaret.

Teatro, filmes e telenovelas

Riquezas da Sua Avó, Labirinto, O João Ratão, Raparigas Modernas, A Portuguesa, A Casta Susana, Chuva de Filhos, Camões, Um Homem do Ribatejo, Os Vizinhos do Rés-do-Chão, A Noite de 16 de Janeiro, Os Comediantes de Lisboa, O Morgado de Fafe em Lisboa, Noé Voltou Ao Mundo, Outono Em Flor, Espada de Fogo, A Morgadinha dos Canaviais, Ribatejo, Um Homem do Ribatejo, Cantiga da Rua, Disco Voador, Ninotchka, A Farsa do Amor, Luz Sem Fim, A Loja da Esquina, João da Lua, Joana d’Arc, A Desconhecida, Come Tu Mi Vuoi, Noite de Reis, Um Serão Nas Laranjeiras, Os Pássaros de Asas Cortadas, Três em Lua de Mel, A Linha da Sorte, Os Direitos da Mulher, O Milagre de Anna Sullivan, Adorável Mentiroso, O Pomar das Cerejeiras, A Dama das Camélias, Recompensa, Os Anjos Não Dormem, Cenas da Vida de Uma Actriz, Mary, Mary, A Candidinha, Lições de Matrimónio, O Homem Que Fazia Chover, As Raposas, Verão e Fumo, Édipo de Alfama, Deliciosamente Louca, Quatro Estações, Oração, Os Dois Verdugos, Dois Num Baloiço, A Voz Humana, O Duelo, A Salvação do Mundo, A Mãe, As Criadas, A Maluquinha de Arroios, Gin Game, As Memórias de Sarah Bernhardt, Mãe Coragem e os Seus Filhos, O Caminho Para Meca, As Troianas, A Maçon, Tempos Difíceis, a telenovela A Banqueira do Povo.

Deu voz aos poetas que ama, como Florbela Espanca ou António Nobre
Em 2006 representou pela primeira vez na casa a que deu nome, o Auditório Municipal Eunice Muñoz, e Oeiras com a peça Miss Daisy.
Em 2007 co-protagoniza com Diogo Infante A Dúvida.
Eunice Munõz é sem dúvida alguma uma das maiores actrizes portuguesas que Portugal deve lembrar e por vezes tende em não o fazer.

Há muitas mulheres Portuguesas que têm honrado o nosso País pelo seu trabalho, a sua luta, a sua abnegação, que a pouco e pouco eu vou tentando colocar aqui neste blogue. Sem distinção de tempo, credo, religião, política ou raça, simplesmente porque são mulheres com M grande e porque são Portuguesas.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Fado!

No outro dia alguém me dizia: - Estou a ficar velho! Gosto de fado!
Pois... e depois de uma retropetiva das músicas que aqui tenho colocado, constatei uma realidade, estou a ficar velha.
Pois o fado tem sido a minha escolha maioritária neste blogue!
Mas o Fado também é prenúncio de saudade, revivalismo, nostalgia, amor e ciúme.
O fado é a triste canção do Sul.
O realizador de cinema Carlos Saura diz que o fado surgiu no Brasil numa mistura da modinha européia com o lundu africano. Por esse motivo podemos ouvir fado no seu próximo filme na voz de Caetano Veloso, Chico Buarque.
O fado é principalmente Amália, Hermínia, Marceneiro, Camané, Mariza, Mizia, Mafalda, Guerreiro, Jorge F., e tantos outros do passado e presentes no futuro.
O fado também é Poesia e Pintura.
É Malhoa

Malhoa

terça-feira, 27 de março de 2007

D. Maria II

D. Maria II

"Era domingo de Ramos naquele dia 4 de Abril de 1819. Foi com emoção e alegria que o rei D. Pedro IV de Portugal e sua mulher, a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, tiveram a sua primeira filha, nascida em terras brasileiras, no palácio da Boavista".
Assim começa a história desta Menina/Rainha que a única coisa que queria era ser feliz.
Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Luísa Gonzaga de Bragança e Áustria - A Educadora ou a Boa Mãe –
Ficou sem mãe aos 7 anos. O pai será o seu grande amigo e protector. Nem mesmo os graves problemas políticos que D. Pedro IV enfrenta no Brasil e em Portugal lhe fazem esquecer a sua filha mais velha a quem vai escrever cartas sempre ternas, que terminavam “adeus minha adorada filha...teu saudoso pai que muito te ama D. Pedro”.
Outorga a Carta Constitucional e, simultaneamente, é combinado o casamento da jovem princesa com seu tio D. Miguel.
Em 1826, D. pedro IV, abdica do trono de Portugal, em nome da filha, Maria, apenas com sete anos.
"Esta menina começa a pouco e pouco a perceber que vai deixar de ser criança e que o seu destino lhe vai impor uma conduta diferente da das outra meninas da sua idade. Aos 9 anos, é mandada para a Europa, acompanhada pelo marquês de Barbacena, seu tutor, homem de confiança de seu tio D. Pedro, também ele nascido no Brasil, general e diplomata. O destino é a corte de Viena, para ser educada pela avó materna, mulher de Francisco I. Mas, durante o tempo da viagem, D. Miguel, em Portugal, proclama-se rei e o marquês de Barbacena considera mais seguro rumar a Falmouthe e, depois, até Londres".
Por questões de segurança a princesa Maria da Glória várias vezes até o dia em que o rei a mandou chamar para comandar os destinos do país! Tinha 15 anos.
Casou em 1826 ( tinha D Maria da Gloria 7 anos) com o seu tio D. Miguel. O casamento foi dissolvido e anulado em 1835. Nesse mesmo ano casou com príncipe D.Augusto de Beauharnais, e nesse mesmo ano ficou viúva. Voltou a casar em 1836 com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha. Tinha na altura D. Maria II somente 17 anos.
A crise era enorme e teve de vender todos os bens de raiz nacional pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das corporações religiosas já extintas e das capelas!
No seu curtíssimo reinado teve de defrontar várias lutas, a Guerra Civil, a revolução de Setembro, a Belenzada, Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte, a Patuleia Teve 10 títulos, o mais importante o de Rainha de Portugal e dos Algarves!
"Foi, realmente, uma mulher de grande força de vontade e de uma coragem assinalável. Se alguns contemporâneos a consideravam de difícil trato e autoritária e até tenha tido fama de “tirana”, a verdade é que se não tivesse sido uma rainha com pulso não teria acabado o seu reinado já sem guerras civis e proporcionado aos seus dois filhos que foram reis - D. Pedro V (infelizmente prematuramente morto pela “Colera Morbus”) e D. Luís, reinados, com uma certa estabilidade. É sabido que D. Luís foi um exemplo de monarca constitucional. As crises políticas constantes no reinado de Maria da Glória não perturbam o seu ambiente familiar, mais do que uma vez toldado pelo profundo desgosto da morte dos filhos ainda pequenos. Dos 11 que teve, quatro morreram à nascença e D. Maria não verá o ano de 1861 em que os seus filhos, D. Pedro já rei, João e Fernando irão morrer da epidemia de cólera".
"A rainha tinha paixão pelo teatro, gosto esse que lhe ficara dos tempos vividos na Corte da França. Confessa que nos períodos de escassez de meios, quando reinou, lhe custava privar-se desse gosto. Vai empenhar-se, apoiada por Garrett, para que se construa um Teatro que será edificado no Rossio sobre as ruínas do palácio da Inquisição - O teatro D. Maria II, segundo projecto de Fortunato Lodi. As obras vão decorrer entre 1842 e 1846. O tecto tinha pinturas de Columbano Bordalo Pinheiro que foram destruídas no incêndio de 1964. A inauguração foi a 13 de Abril. O Banco Mercantil Portuense é inaugurado em 1850. Em 1851, sobe pela primeira vez à cena, nesse teatro, onde se introduziu a iluminação a gás, o drama de Garrett Frei Luís de Sousa. No campo das Letras, o período do reinado de D. Maria da Glória foi de uma fecundidade notável. Destacam-se Alexandre Herculano, que, além de escritor e historiador, foi um grande defensor do património nacional, tendo escrito mesmo, em 1838, Monumentos Pátrios, Garrett, Andrade Corvo, Bulhão Pato, João de Lemos, o matemático Daniet Augusto da Silva, o historiador visconde de Santarém, o legislador Mouzinho da Silveira. Na pintura, Domingos Sequeira pinta o seu belissímo quadro A morte de Camões, infelizmente perdido".
Teve 11 filhos "- Se tiver que morrer, morro no meu posto". Foi o que sucedeu, morreu vítima de parto (príncipe Eugénio) em 1853, com apenas 34 anos.
"D. Pedro V, o futuro rei, resumiria numa frase enternecedora aquilo que esta nossa rainha foi como mãe:
“Minha Mãe, que aprendeu na escola da desgraça, que tinha os instintos muito superiores à sua espécie, conseguiu de nós o que há séculos não via a Casa de Bragança, que os irmãos vivessem unidos” ".
É bom que tenhamos, por muito simples que seja, noção do que foi a vida destas grandes Mulheres Portuguesas, com os seus erros e as suas glórias.
Eis aqui uma das grandes Mulheres de Portugal, D. Maria II! A seu tempo irei aqui colocando muitas mais, tenha eu engenho e arte

segunda-feira, 26 de março de 2007

Salazar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Acabei de ver o programa da RTP, Os Grandes Portugueses!
Salazar, foi o grande vencedor, com 41%!

É um concurso de Televisão, vale o que vale, mas isto é mau, muito mau! É um sinal dos tempos, dos maus tempos.
Hoje toda a gente comenta, como é possível isto ter acontecido! Somos um povo saudosista e atrasado em relação ao mundo. Vivemos para o revivalismo. A direita rejubila com as mediocridades deste povinho habituado a não pensar.
Uma direita que neste momento fragmentada e fragilizada, desorientada e sem governação, vem beber neste programa a sede de união, que o povo (será o povo?) lhe deu de bandeja!
Afinal o que é que os Portugueses querem, ditadura? Fascismo? Opressão?
Votar em Salazar é o mesmo que a Alemanha votar em Hitler, ou Itália em Mussolini, ou outro ditador num outro país qualquer!
Não é de preocupar se reparar-mos na faixa etária que votou em Salazar. É uma percentagem de gente mais velha, habituados a serem comandados e o receio de voar sozinhos revêem-se em um qualquer Salazar que lhes apareça pela frente.
O Diário de Notícias de hoje trás um Editorial sobre o assunto. Começa assim:

“Para uns, trata-se de um concurso de televisão que não merece atenção. Para outros, é um cenário de pesadelo imaginar que na televisão pública do Portugal democrático o povo possa vir a eleger Salazar como o maior português de sempre. Estou entre os primeiros: não só porque um concurso é um concurso, mas também porque uma votação na Internet é uma votação na Internet: pode ser facilmente manipulada e não é representativa da população. Vale apenas como curiosidade.”

Votar Salazar é votar contra a Liberdade, essa Liberdade que Abril nos abriu as portas. E isto é que é preocupante!
O meu candidato ficou em segundo lugar, mas isso não me deixa mais feliz. Qualquer um dos outros era preferível a Salazar.
Não gostei da maneira pouco elegante como Odete Santos defendeu o meu/dela candidato.
Por favor abram as janelas e arejem de novo este País!
Apetece-me ter aqui nesta hora, Manuel Alegre/Zeca Afonso, para acordar memórias adormecidas.


domingo, 25 de março de 2007

Novas vozes, outros tempos

Hoje o café acordou tarde! A mudança da hora fez os seus estragos e os clientes foram chegando devagar, ensonados e envergonhados!
Tinham dormido mais uma hora.
O tempo passou, o homem ficou a sonhar. Mas um café reconfortante e uma música que nos vai chegando aos ouvidos de uma qualquer estação de rádio, vai-nos despertando. O trinar de uma guitarra, coros que marcam a diferença. É um fado concerto!
Há dias assim, os que marcam a diferenç.
Descobrimos vozes que gostamos de ouvir! Músicas de todos os tempos, cantadas por gente nova que sabe o que faz. Vale a pena ouvir e visitar o Site!

Lágrima!
Yolanda Soares!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Os Gatos!



D

Quando os homens estão doentes com gripe!!

O meu marido está doente com gripe! É o fim do mundo (para ele)
Ai Lurdes Lurdes, como te compreendo!!

Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe (pasodoble)

Pachos na testa
terço na mão
uma botija
chá de limão
zaragatoas
vinho com mel
três aspirinas
creme na pele
grito de medo
chamo a mulher
- ai Lurdes Lurdes
que vou morrer
mede-me a febre
olha-me a goela
cala os miúdos
fecha a janela
não quero canja
nem a salada
ai Lurdes Lurdes
não vales nada
se tu sonhasses
como me sinto
já vejo a morte
nunca te minto
já vejo o inferno
chamas diabos
anjos estranhos
cornos e rabos
vejo os demónios
nas suas danças
tigres sem listras
bodes de tranças
choros de coruja
risos de grilo
ai Lurdes Lurdes
que foi aquilo
não é a chuva
no meu-postigo
ai Lurdes Lurdes
fica comigo
não é o-vento
a cirandar
nem são as vozes
que vêm do mar
não é o pingo
de uma torneira
põe-me a santinha
à cabeceira
compõe-me a colcha
fala ao prior
pousa o Jesus
no cobertor
chama o doutor
passa a chamada
ai Lurdes Lurdes
nem dás por nada
faz-me tisanas
e pão de ló
não te levantes
que fico só
aqui sozinho
a apodrecer
- ai Lurdes Lurdes
que vou morrer.

in Letrinhas de Cantigas, António Lobo Antunes

quinta-feira, 22 de março de 2007

Mexeram no tempo!!

E que dizer desta Primavera fria e ventosa?
Não sei o que escrever sobre algo que este ano vem vestido de Inverno, que entrou devagarinho, envergonhada, chegou lentamente com medo de despertar as andorinhas que como loucas se escondem tentando fugir ao frio do vento do Norte que tem assolado o nosso país nestes últimos dias, depois de duas ou três semanas com temperatura a lembrar o Verão.
Anda tonto o tempo!
Não me apetece escrever sobre a Primavera quando ouço o vento que bate furioso nas vidraças das minhas janelas. Tenho frio!
Mexeram no Tempo!
Antes ouvir a música que me embala os sentidos e pensar noutros mares!
Foi bonita a festa, pá!


Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E ainda guardo,renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

Chico Buarque de Holanda


Costa de Caparica!




Costa de Caparica


A casa era pequenina, mesmo no centro da Vila. Branca, com traços azuis a delinear os seus contornos. Ali passámos férias. Os fins-de-semana. Os aniversários e as Festas! Passeávamos pela rua dos Pescadores, onde todos os veraneantes em tardes de estio no mês de Agosto se cruzavam num vaivém de ilusões! O mar, ao fundo, embalava num azul intenso, banhando as praias com ondas suaves, num vaivém de volúpia, namorando os veraneantes.

No Inverno, ouvíamos o seu ronco feroz em dias de tempestade, o paredão aguentava, e nós passeávamos ao longo da praia em cima daqueles pedras e pensávamos como elas eram grandes e seguras.
Quantas décadas se teriam de passar para que aquela muralha, construída pelo homem, roubando ao mar aquele pedaço de terra, se desviasse do seu objectivo, que era segurar o mar em dias de revolta?
Hoje, ao ver as imagens na TV nem quero acreditar! O mar numa revolta incontrolável, de conquistar aquilo que é seu, arrasa tudo na sua passagem. Todas aquelas pedras que nunca pensaríamos que conseguissem sair do lugar onde os homens as colocaram, foram arrastadas em direcção à Vila, destruindo tudo na sua passagem.

Será que a vontade do homem, voltando a construir de novo aquele paredão, conseguirá alguma vez ser mais forte que a determinação do Mar?

quarta-feira, 21 de março de 2007

A hora dos poetas II



Cântico Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos,
ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

A hora dos poetas

José Malhoa


Paisagem

Passavam pelo ar aves repentinas,

O cheiro da terra era fundo e amargo,

E ao longe as cavalgadas do mar largo

Sacudiam na areia as suas crinas.


Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,

Era a carne das árvores elástica e dura,

Eram as gotas de sangue da resina

E as folhas em que a luz se descombina.


Eram os caminhos num ir lento,

Eram as mãos profundas do vento,

Era o livre e luminoso chamamento

Da asa dos espaços fugitiva.


Eram os pinheirais onde o céu poisa,

Era o peso e era a cor de cada coisa,

A sua quietude, secretamente viva,

E a'sua exaltação afirmativa.


Era a verdade e a força do mar largo,

Cuja voz, quando se quebra, sobe,

Era o regresso sem fim e a claridade

Das praias onde a direito o vento corre



Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 20 de março de 2007

Ser ou não ser... Pimba

Há mais ou menos uma semana e em qualquer horário, que eu ando a ver, (e a ouvir) nos vários canais de Televisão, os nossos cantores da chamada música pimba. Ele é o Emanuel, mais o Toy, não esquecendo os Malhoas. Pai e filha! E o imbatível Tony Carreira!
Este último teve direito a uma grande entrevista em horário nobre na RTP, onde uma Judite de Sousa ouvia embevecida a história de vida deste emigrante por terras de França e que ainda menino já era vagabundo por amor.


Parece, pelo que vi, que o Dia do Pai só tem filho Pimba. Passo a explicar: Liguei a TV logo de manhã como é meu habito, o Toy cantava para o Pai, que completamente extasiado ouvia o seu famoso filho dedicar-lhe uma canção, ali mesmo em directo. Num outro canal, Os Malhoas cantavam um ao outro o seu amor fraterno! Emanuel, o eterno enamorado, encantava nas tardes da Sic, dedicando o tema principal ao amor do filho(s). A semana passada Tony Carreira tinha abrilhantado este mesmo programa, com fãs e tudo.

Através da Internet vi os espectáculos esgotados por tudo o que é sítio, Pavilhão Atlântico, Coliseu de Lisboa e do Porto, grandes casas por todo o País e até no estrangeiro!

Então, pergunto eu, somos ou não PIMBAS?
Quem são estes milhares de portugueses que esgotam estas casas de espectáculo? Quem são estes portugueses que compram todos os CDs de música dita Pimpa até colocarem estes cantores com discos de platina? Será que somos um País de Pimbas? Ou será que temos de reconhecer que eles não são Pimbas? Será que se eu ouvir sou Pimba?
Cantarolava eu o outro dia, uma dessas música, e perguntava o meu filho, - "Também tu, mãe??"
Pois… a música Pimba entra muito facilmente no ouvido! Tentava justificar-me!!
Será essa a receita?
Então porque é que se todos os dias as nossas TVs, todas elas sem excepção, passam estas músicas e os cantores Pimbas em horário nobre, porque a rádio, Antena 1, RR, RCP, RFM e afins não o fazem?
Estou a escrever ao som da música do Tony Carreira, que me chega através do Site oficial. Tento encontrar na melodia que me embala um traço de outros sons, mas isto sabe-me a plástico, é tudo tão bem feito, quase perfeito, tão completo! Qualquer alma vazia encontra aqui a fonte para o seu mal de amores. Repito, será esta a formula?
Casa cheia, que estou certa a maioria dos outros, dos não Pimba, com raras excepções, aqueles que cantam os poetas, Pessoa, Florbela Espanca, Camões, que cantam Jazz, blues, Rock, Bossa Nova, a dita música erudita, que nos corre nas veias e que marca os nossos dias, não conseguem fazer.
Expliquem-me, porque eu não consigo entender!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Olá Pai!

Dia do pai é um dia especial, como são todos os dias que são especiais!
Mas para mim, o Dia do pai é um dia muito especial
Para mim é um dia de saudade.
Tantos dias de saudades!
Recordo o que escrevi há um ano, lembrando a tua imagem de pai, de amigo, de companheiro.
Escrevia como te recordo com a tua tez morena, cabeça algo altiva, olhos de um verde que fazia sonhar as mulheres que te admiravam, nariz recto e lábios de um misto de volúpia e sorriso de criança.
Eras um homem bonito.
Olho para ti no retrato e estás como eu me recordo de ti, quando eu tinha 20 anos. Ficaste parado no tempo.
Eu envelheci!
Hoje os meus cabelos brancos, as minhas rugas, o meu olhar, revelam que sou mais velha que tu naquele retrato.
Tu ficaste como eras.
Eu fui vivendo. Crescendo! Envelhecendo.
Hoje tenho mais idade do que tu, quando um dia disseste que ias partir. Uma lágrima correu pelo teu rosto quando olhando para mim, naquela noite fatídica, sem palavras te despedis-te.
E partiste!
Eu fiquei só.
Ainda me sinto só, porque sinto a tua falta!
Porque ainda fazes muita falta.
Tenho tantas saudades tuas, Pai!
Onde quer que estejas, estarás sempre aqui dentro do meu coração!

sexta-feira, 16 de março de 2007

Quem me dera aprisionar o tempo


Por vezes tenho uma saudade imensa de ser de novo criança!
Adormecer ao som das canções de embalar cantadas pela minha mãe.
Saudades de ser protegida pelos braços dela!
Tenho saudades do tempo em que ela me dizia, no seu tom calmo e protector, que não havia homens maus, nem piratas, nem Adamastor.
Os medos ficavam, bem lá do lado de lá da porta.
E eu sorria…
E adormecia com a minha cabeça pousada nos seus joelhos.
Sentidos perdidos de uma menina.
Quem me dera aprisionar o tempo!

quinta-feira, 15 de março de 2007

A Bela e o Mestre!!!!!




Recuso-me determinantemente a ver este tipo de programas!!
Numa altura em que a mulher e o homem cada vez mais se aproximam, pela sua inteligência, educação e cultura, aparecem estas aberrações nas televisões, neste caso numa televisão portuguesa, à procura de audiências com programas do mais baixo que o ser humano pode e consegue imaginar.
Neste programa tipo Reality Show, a mulher, em todo o seu esplendor de beleza de corpo inteiro, em poses tipo Sharon Stone, mas revestida numa pele de BURRA, faz babar os basbaques que ainda assistem a estes reality show, que de boca aberta vão gozando com as pérolas que as meninas vai desfiando, (estou convencida serem ditas de propósito para darem mais credebilidade ao dito programa, o contrário é completamente inadmissível!), como é o caso de não saberem quem é Agustina Bessa Luís, Fidel Castro, ou Maria de Lourdes Pintassilgo, etc… etc… etc…!!
O homem por sua vez, o eterno sabedor de toda a verdade, portador de uma biblioteca portátil no cérebro, vai ensinando as burrinhas a saber história no seu estado mais simples, aquilo que qualquer criança em idade escolar deve saber.
Tenho acompanhado as conversas de café, os blogs, as criticas de vários comentadores e de gente que se sente ofendida no seu intelecto, sobre este assunto e o mesmo me ter chamado a atenção infelizmente pelo seu lado mais negativo:Expor a mulher ao ridículo.
Será que um dia a TVI terá capacidade para fazer um programa com alguma inteligência?

"Elas são bonitas, eles são inteligentes e o contrário não é verdade"

"Elas esculturais, hiper maquilhadas, de mini muito mini e decote muito decotado, em cintilações de festa, eles com óculos e borbulhas, baixotes e barrigudos ou altos e lingrinhas, de jeans e T-shirt. Elas sorriem, eles também. Elas, as "belas", entram no palco à vez, pela mão deles, com pisar de divas, e sentam-se sobre o tampo de uma secretária, o cruzar vertiginoso das pernas a arrancar olés da audiência. Eles, os "mestres", sentam-se atrás, na cadeira. A elas, as "belas", o apresentador pede para identificar o rosto no écrã gigante. Fidel Castro, Bocage, Maria de Lurdes Pintasilgo, Jose Luís Zapatero, Mikhail Gorbatchev passam sem que as concorrentes consigam articular-lhes o nome. A excepção surge com os Beatles e Vera, de 22 anos. "Então que está aqui a fazer?", pergunta o apresentador, entre gargalhadas. Vera sorri, embaraçada."Não quero usar o termo burra"O embaraço de Vera tem motivo: afinal, é suposto ela não saber nada de nada, não ser sequer capaz de reconhecer uma banda pop lendária. Como as "colegas" do concurso A Bela e o Mestre, que a TVI estreou no domingo, Vera foi escolhida pela sua aparência e juventude - e pela disponibilidade para passar nove semanas enfiada numa casa com perfeitos desconhecidos, a la Big Brother, na mira de partilhar um prémio de 100 mil euro com o seu "par", o homem que fará de seu "mestre"- mas sobretudo pela sua, digamos falta de informação". A palavra "burrice", como explica Piet Hein, director da Endemol, que adaptou a Portugal este formato da cadeia americana Fox, não é bem vinda. "Não quero usar esse termo. A ideia é que elas são bonitas. E eles são inteligentes. E o contrário não é verdade."Sobre o método de selecção dos concorrentes (que parece excluir à partida mulheres bonitas e inteligentes e homens inteligentes e bonitos) Hein prefere não falar. Como se recusa a aceitar a ideia de que o programa pode ser ofensivo por reafirmar preconceitos e estereótipos de género. "Procurámos pessoas com esse perfil, não tem nada de mal. É um programa de entretenimento, positivo, leve, para divertir, não para educar. Só pode ser considerado ofensivo para quem ache que em geral os homens e as mulheres são assim, para quem tenha esse preconceito.""É ao contrário da realidade"A socióloga Isabel Dias, professora da Universidade do Porto e autora de vários estudos relacionados com violência de género, não concorda. "O programa constitui um retrocesso no que diz respeito às conquistas que as mulheres fizeram, um regresso aos estereótipos mais básicos do género. A contradizer aliás o que sucede hoje na sociedade portuguesa, na qual os níveis de escolaridade nas mulheres são muito mais elevados que nos homens. Andaram à procura de uma agulha num palheiro para encontrar mulheres assim. Damos alguns passos em relação à educação para a paridade, e depois um miúdo vê isto... " Mas Piet Hein, para quem A Bela e o Mestre é "uma experiência social", vê tudo ao contrário. " Vai fazer o preconceito das crianças diminuir. Porque ao reforçar o contraste de uma forma tão vincada desconstrói os estereótipos.
" Uma leitura revolucionária, por absurdo, que a bióloga e escritora Clara Pinto Correia, um dos quatro membros do "júri" que avalia os concorrentes (e que inclui também a modelo Marisa Cruz, o escritor Rui Zink e o argumentista Carlos Quevedo) não subscreve. "Eu disse isso mesmo no programa. Não há pachorra para os estereótipos de que aquilo parte, nada mais imbecil que o esterótipo da mulher burra e bonita versus o homem feio e inteligente". Sobre a possibilidade de caucionar essa abordagem com a sua presença, a bióloga chuta para canto. "Devo dizer que não aceitei pelo que se ganha, que não é asim tanto que justifique o esforço de assistir ao espectáculo de ver gente que não sabe quem é o Fidel Castro. Coisa que aliás ainda me custa um pouco a crer. Mas sempre quis conhecer de perto um reality show, por motivos de enriquecimento sociológico e de pesquisa ficcional." Porque, precisamente, "puxa o pior que há na natureza humana".


domingo, 11 de março de 2007

Simone de Oliveira!


O meu nome é Simone
Simone feita Mulher
Mulher de força
Força de ser gente
Gente que luta e que vence.

"O meu nome é Simone"
Simone das cantigas
Das Cantigas de raiva e de amor
Amor, amor, amor
Em cada espiga desfolhada.

"O meu nome é Simone"
Simone feita verdade
Verdade de querer tanto
Franky

50 Anos de cantigas.
50 anos de personalidade,
50 anos de carácter
50 anos de força de vida!
Parabéns Simone!

O grande amigo do HOMEM!

PORQUÊ???

Custódio Castelo e Margarida Guerreiro!


Ontem à noite foi noite de fados.

Melhor dizendo, fui ao fado!
A noite prometia.
O programa de fados incluía jantar e ceia. Primeiro um bom repasto como manda a lei, estava tudo primorosamente bem confeccionado.
Os fados propriamente ditos, começaram devagarinho como convém, primeiro com fadistas amadores, mais propriamente aqui de terras do Oeste.
Depois de um intervalo, maior do que o previsto, mas sem grande importância, pois o convívio estava muito bom, comunicaram que a ausência forçada da fadista Maria da Fé, cabeça de cartaz, era devida a artista ter sofrido uma queda em sua casa - As melhoras Maria da Fé - a noite continuou com um surpresa, diria melhor o espectáculo dentro do espectáculo, ou como diria o meu marido o verdadeiro espectáculo da noite!
Fomos agradávelmente surpreendidos com a actuação de Custódio Castelo e de Margarida Guerreiro.
A Margarida que até ali nos tinha estado a apresentar o espectáculo, cantou magnificamente um fado que faz parte do seu álbum, não me recordo o nome, mas fala do Alentejo dela e do meu, depois um fado de Pedro Abrunhosa “Eu Não Sei Quem Te Perdeu” e a “Lágrima” da Amália.
Mas quem surpreendeu mesmo foi o Custódio Castelo que tocou a guitarra portuguesa como nunca tinha ouvido. É um verdadeiro Mestre da guitarra Portuguesa. Estilo Carlos Paredes.
Estava também muito bem acompanhado por Carlos Garcia na guitarra acústica e Carlos Meneses no Contrabaixo. Estes meninos têm um CD que se chama Tempus.
Deixo aqui um cheirinho da sua música para poderem apreciar o que é bom!

Inesquecível! Gostei!





quinta-feira, 8 de março de 2007

Dia da mulher

""Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de NovaIorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a reduçãode um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operáriasque, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens,foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferênciainternacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, emhomenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.""


A lenda do Dia Internacional da Mulher como tendo surgido na sequência de uma greve, realizada em 8 de Março de 1857, por trabalhadoras de uma fábrica de fiação ou por costureiras de calçado - e que tem sido veiculada por muitos órgãos de informação - não tem qualquer rigor histórico, embora seja uma história de sacrifício e morte que cai bem como mito. Em 1982, duas investigadoras, Liliane Kandel e Françoise Picq, demonstraram que a famosa greve feminina de 1857, que estaria na origem do 8 de Março, pura e simplesmente não aconteceu (1), não vem noticiada nem mencionada em qualquer jornal norte-americano, mas todos os anos milhares de orgãos de comunicação social contam a história como sendo verdadeira («Uma mentira constantemente repetida acaba por se tornar verdade»).Verdade é que em 1909, um grupo de mulheres socialistas norte-americanas se reuniu num "party’, numa jornada pela igualdade dos direitos cívicos, que estabeleceu criar um dia especial para a mulher, que nesse ano aconteceu a 28 de Fevereiro. Ficou então acordado comemorar-se este dia no último domingo de Fevereiro de cada ano, o que nem sempre foi cumprido.A fixação do dia 8 de Março apenas ocorreu depois da 3ª Internacional Comunista, com mulheres como Alexandra Kollontai e Clara Zetkin. A data escolhida foi a do dia da manifestação das mulheres de São Petersburgo, que reclamaram pão e o regresso dos soldados. Esta manifestação ocorreu no dia 23 de Fevereiro de 1917, que, no Calendário Gregoriano (o nosso), é o dia 8 de Março. Só a partir daqui, se pode falar em 8 de Março, embora apenas depois da II Guerra Mundial esse dia tenha tomado a dimensão que foi crescendo até à importância que hoje lhe damos.A partir de 1960, essa tradição recomeçou como grande acontecimento internacional, desprovido, pouco e pouco, da sua origem socialista.(1) Se consultarmos o calendário perpétuo e digitarmos o ano de 1857, poderemos verificar que o 8 de Março calhou a um domingo, pelo que nunca poderia ter ocorrido uma greve nesse dia de descanso semanal.Pesquisa efectuada por Maria Luísa V. Paiva Boléo
Desde 1975, em sinal de apreço pela luta então encetada, as Nações Unidas decidiram consagrar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.Se, nos nossos dias, perante a lei da maioria dos países, não existe qualquer diferença entre um homem e uma mulher, a prática demonstra que ainda persistem muitos preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade. Produto de uma mentalidade ancestral, ao homem ficava mal assumir os trabalhos domésticos, o que implicava para a mulher que exercia uma profissão fora do lar a duplicação do seu trabalho. Foi necessário esperar pelas últimas décadas do século XX para que o homem passasse, aos poucos, a colaborar nas tarefas caseiras.Mas, se no âmbito familiar se assiste a uma rápida mudança, na sociedade em geral a situação da mulher está ainda sujeita a velhas mentalidades que, embora de forma não declarada, cerceiam a sua plena igualdade.O número de mulheres em lugares directivos é ainda diminuto, apesar de muitas delas demonstrarem excelentes qualidades para o seu desempenho. Hoje as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, ainda há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens, nomeadamente a intervenção em operações militares de alto risco.Nos últimos anos, a festa comemorativa do Dia Da Mulher é aproveitada por muitas delas, de todas as idades, para sair de casa e festejar com as amigas, em bares e discotecas, o dia que lhes é dedicado, enquanto os homens ficam em casa a desempenhar as tarefas que, tradicionalmente, lhe são imputadas: arrumar a casa, fazer a comida, tratar dos filhos...Se a sua esposa, irmã, mãe ou avó ainda é daquelas que, não obstante as suas tarefas laborais no exterior, ainda encontra tempo e paciência para que nada lhe falte, o mínimo que poderá fazer será aproveitar este dia para lhes transmitir o seu apreço. Um ramo de flores, mesmo que virtual, será, certamente, bastante apreciado. Mas não se fique por aqui. Eternize este dia, esquecendo mentalidades preconcebidas, colaborando mais com elas nas tarefas diárias e olhando-as de igual para igual em todas as circunstâncias, quer no interior do seu lar, quer no seu local de trabalho. Quando todos assim procedermos, não haverá mais necessidade de um dia dedicado à mulher.

"O dia da Mulher, também é todos os dias, mas este tem que ser definitivamente especial."

Estas mulheres!

Estas mulheres

Neste dia, dito Dia Internacional da Mulher, quero lembrar todas as outras mulheres, aquelas mulheres que não sendo heroínas, nem grevistas, nem os seus nomes fazem parte da história mundial, e por isso não serão hoje lembradas e homenageadas. Aquelas mulheres que caminham pelos caminhos da vida sem ilusões e sem vontade própria.
É por elas que hoje levanto a minha voz .
Estas mulheres são da década de 50!
Estas mulheres saídas de uma época de transição entre o período de guerras da primeira metade do século XX e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade.
Estas mulheres que ainda lutam por direitos dentro das suas casas, no seu próprio mundo, contra estereótipos estipulados por uma sociedade retrógrada e machista.
Estas mulheres que lutam contra monstros que a sociedade não vê e sofrem caladas as agruras de violências psicológicas.
Estas mulheres que tem de sobreviver dependentes monetáriamente de outros.
Estas mulheres que choram por dentro a revolta de não serem livres.
Estas mulheres que abdicaram de ter cursos superiores, de terem uma carreira onde seriam respeitadas como gente maior por amor aos seus, para poderem dedicar cada minuto da sua vida aos outros.
Estas mulheres que zelaram pelo sono, pelos estudos, pela educação, na doença, na tristeza e na alegria dos seus filhos.
Estas mulheres que hoje nada têm, depois de terem dedicado uma vida inteira aos filhos, ao marido e ao lar. Trabalharam sem nunca serem remuneradas, no denominado "trabalho doméstico".
Estas mulheres hoje, à distância de uma vida, estão de mãos e almas vazias!
Por estas mulheres levanto as flores da minha paixão!

quarta-feira, 7 de março de 2007

RTP 50 anos



A RTP faz hoje 50 anos!!

Não vou aqui escrever os maus momentos, a falta de técnica ou profissionalismo, se esta estação de TV contribuiu ou não para o nosso desenvolvimento intelectual, ou se o povo está ou não mais desenvolvido por todo este ensinamento que durante 50 anos nos entrou em nossas casas.
Hoje é dia de festa, é dia de recordar todas aquelas caras que todos os dias nos fazem companhia, nos fazem rir e quantas vezes chorar.
Não recordo a sua primeira emissão porque era muito pequena, mas lembro-me da TV ainda ser a preto e branco e de ter de ir até um café para poder assistir às transmissões. Bebíamos tudo o que nos era enviado, embevecidos, olhos postos naquela caixa mágica, que nos abria uma janela para o mundo.
A ida do Homem à lua. Os Festivais da Canção! O Se Bem de Lembro. As Conversas em Família. Os Concertos em dia de Ano Novo! Os Desenhos Animados o Carrossel Mágico! Os concursos, o ZIP ZIP, Carlos Cruz, Fialho Gouveia, Raul Solnado, a Visita da Cornélia! O Teatro, As Árvores Morrem de Pé! A inauguração da ponte 25 de Abril! A Revolução dos Cravos, a chegada dos dois políticos mais controversos em Portugal, Mário Soares, Cunhal, a morte de Sá Carneiro, a morte da Amália Rodrigues. A Operação Triunfo. O E assim Acontece, a Meteorologia, a TV Rural , e tantos e tantos acontecimentos, tantas e tantas horas de transmissões, de entretenimentos, de informação.
É dia de acontecer, é dia de recordar a nossa própria vida.
Em miúda, de pé, de bengala na mão, num palco improvisado, no quintal da minha casa ainda em terras do Sul, eu tentava imitar a grande Palmira Bastos, e dizia a plenos pulmões:

- "Morta por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores"

A interligação viva das nossas vidas com as desta estação de TV.
- Olha, nesta altura eu estava aqui, eu estava acolá! Eu era uma miuda quando isto foi tansmitido! Aqui, já eu era casada, eu já tinha filhos, eu morava nesta casa, ou naquela.
O meu pai morreu logo a seguir a ter assistido a uma corrida de touros transmitido em noite de touros na RTP!
Recordamos os que já partiram, como se também fossem da nossa família. Saudade imensa de tantas e tantas caras tão lembradas neste momento.
Por tudo o que a RTP já me ofereceu, os meus mais sinceros PARABENS!


terça-feira, 6 de março de 2007

Gabriel Garcia Marques

Gabriel Garcia Marques
"Carta aos amigos"

“Se por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria um bom gelado de chocolate !
Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.
Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que eu ofereceria à Lua!
Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas...
Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... não deixaria passar um só instante sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor..
Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar!
A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas foram as coisas que aprendi com vocês, os homens ! Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está em subir a encosta...
Aprendi que, quando um recém-nascido aperta, com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se...
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me irão servir realmente de muito, porque, quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer...”

Gabriel Garcia Marquez



sexta-feira, 2 de março de 2007

Dias cinzentos

Dias cinzentos

Existem dias que são cinzentos.
De vida sem cor!
Quando o cinzento da alma comanda os nosso dias, nós ficamos assim… cinzentos.
São dias assim que eu "quero" o que não tenho
O que nunca lutei para ter
São dias assim que preciso de ter alguém ao meu lado
E falar, falar, até que a voz se apague
São dias assim que me apetece lutar e juro que vou lutar
São dias assim que não sei o que fazer, nem para onde ir. Mas sei que tenho de ir para algum lado.
São dias assim que ouvir dizer, tens razão, nos faz ter esperanças.
Dias assim ninguém merece ter
Sem alegria
Sem razão de ser

quinta-feira, 1 de março de 2007

Bento!

Bento
Manuel Galrinho Bento faleceu na manhã desta quinta-feira, no Hospital do Barreiro, por doença súbita. O antigo internacional português, guarda-redes do Benfica durante 20 épocas, tinha 58 anos. Nesta quarta-feira à noite, Bento tinha estado presente na Gala do 103.º aniversário do Benfica, no Casino Estoril, e por isso a notícia da morte do jogador surpreendeu tudo e todos. O antigo jogador sentiu-se mal esta manhã e chegou ao Hospital do Barreiro já sem vida.
(Redacção Sportugal)
Assim desaparece um dos maior guarda-redes de todos os tempos, Manuel Bento.
Bento, esta glória do Benfica durante 20 anos, também defendeu a Selecção Nacional, como ninguém.
À família enlutada as nossas mais sentidas condolências

Bento